CESSA TUDO QUE O ANTIGO MORO CANTA
QUE OUTRO VALOR MAIS ALTO SE ALEVANTA
Até agora
não se soube e o presidente não disse qual foi a causa, qual foi a falha, qual
foi o erro funcional cometido por Maurício Valeixo, para ser demitido por Jair
Bolsonaro da direção-geral da Polícia Federal.
Essa falta
de motivo é a razão que sobra para o desembarque de Sérgio Moro, o Pai da
Lava-Jato, do Ministério da Justiça.
Nas
entrelinhas percebe-se a denúncia grave da tentativa de interferência do dono
da caneta presidencial no trabalho de investigações da instituição que é do
Estado e não do governo.
INUSITADA
GREVE
Essa invocação,
esse confronto entre a Presidência da República e a Polícia Federal, não é de
hoje, nem mania de poder do Bolsonaro. Essa disputa de beleza vem desde os fins
de 2002, quando então a Polícia Federal entrou numa inusitada greve salarial.
Era uma
coisa assim, meio insólita, eis que naquelas priscas eras, servidor público não
tinha o costume e nem as bênçãos trabalhistas para ser grevista.
Tais movimentos
reivindicatórios soavam então como uma espécie de excêntrica chantagem. Naquele
meio tempo, Luladino da Silva foi eleito pela primeira vez proprietário mutante
do Palácio do Planalto.
O novo
presidente do Brasil e de honra do Partido dos Trabalhadores foi recebido então
pelos policiais grevistas como o grande aliado que faria atender as reivindicações
dos servidores da PF. O aumento salarial e as demais reivindicações nas condições
de trabalho dos policias eram tidas como favas contadas.
Deram com os
burros n’água. Luladino deu-lhes uma banana. E fez mais, botou o seu advogado
de estimação, Márcio Thomaz Bastos, então seu ministro da Justiça, para
acomodar as melancias na carroça da PF.
TANTO FOI
QUE FICOU SENDO
A greve se
estendeu por quase todo o ano de 2003. Os desejos da instituição não foram
atendidos. E, a pouco e pouco, os policiais voltaram ao trabalho, com a cola
entre as pernas. Pero no mucho.
Começaram a
pipocar investigações que atingiam o fígado dos organismos que dão vida à
Esplanada dos Ministérios. Uma série de escândalos vinham à tona, envolvendo a iniciante
administração lulática.
Era uma
operação atrás da outra, estampadas todas elas nos jornalões de sempre e nos
demais veículos de deformação social. E, em todas elas, invariavelmente, Thomaz
Bastos chegava logo depois, como se cada uma daquelas ações policias tivesse
sido realizada sob os auspícios do governo Lulático.
E tanto foi
que tanto ficou sendo mesmo. Sabe-se lá porque cargas d’água ou por quais mistérios
de mãos molhadas, as melancias se acomodaram. E os governos de lá para cá, até
os dias tamponados por Michel Temer, conviveram aparentemente felizes e
acomodados para sempre.
ERA UMA VEZ
Para sempre
até que, eis senão quando, de repente e não mais que de repente, surgiu em cena
a Operação Lava-Jato, danada versão brasileira da operação Mani Pulite que
transformou num pandemônio o governo italiano que, de mãos dadas com os
picaretas do Congresso e da banda podre do Judiciário, roubava e deixava
roubar.
E foi então
que, nos estertores dos anos 90, se ouviu lá na Itália que as sereias do
governo invisível cantavam o verso antigo do velho astro italiano Fabrizio de
André:
“Uma vez um
juiz julgou quem havia escrito a lei. Primeiro mudaram o juiz. Logo em seguida
a lei’’.
E a operação
Mani Pulite cessou, posto que outro poder mais alto se alevantou.
SCRIPTUM POST
– Qualquer semelhança com atos e fatos que, pelas mãos do governo eleito pelo
povo italiano, levaram ao triste fim da Operação Mão Limpas não é, não está
sendo e nem será mera coincidência. A Operação Lava-Jato está começando a
morrer agora.