24 de abr. de 2020


A CONTRAFALA DE BOLSONARO À SAÍDA DE SÉRGIO MORO...

Se foi verdadeira, sincera e pura, ou não – eu não fiquei sabendo e nem sei ainda até agora se foi sincera e pura; sei, isto sim, que foi a menos ruim e quase que mais descontraída fala de Bolsonaro desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto.

Mas por favor, não pensem nem de longe que eu gostei ou deixei de gostar. Fiquei mais foi perplexo – embora fosse mais que justo e lógico esperar o contra-ataque – que, tudo tenha sido dito tão clara e fluentemente, sem que além de assemelhar-se a um bate-boca de porta de barracão luxuoso, não tenha o solene momento para resolver a vaga na direção-geral da PF e para preencher o vazio da cadeira de ministro  da Justiça.

Inda que mal pergunte: a direção-geral da Polícia Federal e o cargo de ministro da Pasta da Justiça, não requerem urgência urgentíssima em um governo que emergiu no mar de lama que lhe foi deixado como  herança maldita?!?

MENOS, BOLSONARO, MENOS...
Bolsonaro falou de si mesmo e suas circunstâncias familiares quase que o tempo todo. Sei lá, eu acho que no lugar dele eu faria mesma coisa, mas um pouco menos pessoal e um pouco mais presidencial.

BIOGRAFIA

Bolsonaro foi dramático ao mandar um recado a Moro: “Você defende a sua biografia. Eu defendo a biografia do Brasil”. Pô, mano Bolsonaro... Se um homem não defende a sua própria biografia não pode nem mesmo ser cogitado por um presidente para ocupar o comando de qualquer ministério. Principalmente, o Ministério da Justiça e da Segurança num país de ladravazes.

ENTREMENTES...

O MBL em ‘mexe-mexe’ com as emissoras de TV combinou que haveria um panelaço durante o discurso de Bolsonaro. O circo foi armado e, como sempre, foi parar nas telas ávidas de barulho.

Resultado: um triste espetáculo de alguns, digamos, milhares de batucadores contra uma platéia de 200 milhões de brasileirinhos que ficaram em silêncio no doce aconchego dos seus lares ou barracos embaixo das pontes.

Enquanto Bolsonaro delatava que ninguém na PF o informava sobre a facada de Adélio Batista, me deu na telha perguntar, só por perguntar: quem é mais maluco, Adélio que deu a facada, ou Bolsonaro que se defendia da ‘’punhalada’’ Moro?!?

DA FILOSOFIA À COBRANÇA

Bolsonaro filosofou o que seu talento lhe deu para filosofar: ‘’uma coisa é conhecer alguém e outra bem diferente é conviver”. E aí, discorreu a mágoa de não ser ouvido por Moro.
Como troco à altura, delatou que ao saber que Valeixo seria defenestrado e alguém seria nomeado em seu lugar, Moro teria cobrado que esse processo de substituição se desse ‘’em novembro, depois de sua indicação para o STF”.

DEMITIU POR QUE?!?

Enquanto Bolsonaro falava e falava e não dizia a verdadeira razão, a causa, o erro pela qual demitiu Maurício Valeixo, eu fiquei meio cabreiro apenas com uma coisinha de nada: a tal ‘pensão compensatória’ que Moro exigiu como ‘única’ compensação por deixar de lado 22 anos de magistratura e contribuição previdenciária”.

E então foi assim que, de repente e não mais que de repente, Bolsonaro encerrou sua fala de avaliação superficial do seu governo que já demitiu ou perdeu só por perder oito ministros de Estado.

NÃO DISSE UMA COISA NEM OUTRAS

Bem, depois de tudo Bolsonaro não disse por que demitiu o diretor-geral da PF, nem disse quem vai preencher a sua vaga e muito menos disse quem vai ser o novo Ministério da Justiça... E assim é que a crise virou um resfriadinho de nada. Para o governo Bolsonaro, amanhã é vida que segue...

GRAND FINALE
Alvíssaras! Alvíssaras! Acredite, se quiser: o PT agora é fã de Sérgio Moro!

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