25 de abr. de 2020

PONTOS A PONDERAR...


CESSA TUDO QUE O ANTIGO MORO CANTA
QUE OUTRO VALOR MAIS ALTO SE ALEVANTA

Até agora não se soube e o presidente não disse qual foi a causa, qual foi a falha, qual foi o erro funcional cometido por Maurício Valeixo, para ser demitido por Jair Bolsonaro da direção-geral da Polícia Federal.

Essa falta de motivo é a razão que sobra para o desembarque de Sérgio Moro, o Pai da Lava-Jato, do Ministério da Justiça.

Nas entrelinhas percebe-se a denúncia grave da tentativa de interferência do dono da caneta presidencial no trabalho de investigações da instituição que é do Estado e não do governo.

INUSITADA GREVE

Essa invocação, esse confronto entre a Presidência da República e a Polícia Federal, não é de hoje, nem mania de poder do Bolsonaro. Essa disputa de beleza vem desde os fins de 2002, quando então a Polícia Federal entrou numa inusitada greve salarial.

Era uma coisa assim, meio insólita, eis que naquelas priscas eras, servidor público não tinha o costume e nem as bênçãos trabalhistas para ser grevista.

Tais movimentos reivindicatórios soavam então como uma espécie de excêntrica chantagem. Naquele meio tempo, Luladino da Silva foi eleito pela primeira vez proprietário mutante do Palácio do Planalto.

O novo presidente do Brasil e de honra do Partido dos Trabalhadores foi recebido então pelos policiais grevistas como o grande aliado que faria atender as reivindicações dos servidores da PF. O aumento salarial e as demais reivindicações nas condições de trabalho dos policias eram tidas como favas contadas.

Deram com os burros n’água. Luladino deu-lhes uma banana. E fez mais, botou o seu advogado de estimação, Márcio Thomaz Bastos, então seu ministro da Justiça, para acomodar as melancias na carroça da PF.

TANTO FOI QUE FICOU SENDO

A greve se estendeu por quase todo o ano de 2003. Os desejos da instituição não foram atendidos. E, a pouco e pouco, os policiais voltaram ao trabalho, com a cola entre as pernas. Pero no mucho.

Começaram a pipocar investigações que atingiam o fígado dos organismos que dão vida à Esplanada dos Ministérios. Uma série de escândalos vinham à tona, envolvendo a iniciante administração lulática.

Era uma operação atrás da outra, estampadas todas elas nos jornalões de sempre e nos demais veículos de deformação social. E, em todas elas, invariavelmente, Thomaz Bastos chegava logo depois, como se cada uma daquelas ações policias tivesse sido realizada sob os auspícios do governo Lulático.

E tanto foi que tanto ficou sendo mesmo. Sabe-se lá porque cargas d’água ou por quais mistérios de mãos molhadas, as melancias se acomodaram. E os governos de lá para cá, até os dias tamponados por Michel Temer, conviveram aparentemente felizes e acomodados para sempre.

ERA UMA VEZ

Para sempre até que, eis senão quando, de repente e não mais que de repente, surgiu em cena a Operação Lava-Jato, danada versão brasileira da operação Mani Pulite que transformou num pandemônio o governo italiano que, de mãos dadas com os picaretas do Congresso e da banda podre do Judiciário, roubava e deixava roubar.

E foi então que, nos estertores dos anos 90, se ouviu lá na Itália que as sereias do governo invisível cantavam o verso antigo do velho astro italiano Fabrizio de André:

“Uma vez um juiz julgou quem havia escrito a lei. Primeiro mudaram o juiz. Logo em seguida a lei’’.

E a operação Mani Pulite cessou, posto que outro poder mais alto se alevantou.

SCRIPTUM POST – Qualquer semelhança com atos e fatos que, pelas mãos do governo eleito pelo povo italiano, levaram ao triste fim da Operação Mão Limpas não é, não está sendo e nem será mera coincidência. A Operação Lava-Jato está começando a morrer agora.

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