NADA COMO UM DIA DEPOIS DO OUTRO...
Foi em 15 de maio do ano passado... O Supremo a pedido da Procuradoria-Geral da República, autorizou a Polícia Federal a vasculhar a residência do então governador de Mato Grosso, Silval Barbosa.
A missão era descobrir provas sobre a participação dele num esquema de corrupção.
Na batida, a PF descobriu que Silval Barbosa guardava uma pistola 380, três carregadores e 53 munições. Como o registro da arma vencera havia quatro anos, a PF prendeu o governador em flagrante. Horas mais tarde, Silval Barbosa pagou como fiança a bagatela de R$ 100 mil e saiu da prisão.
O caso foi parar no noticiário. Às 17h15, o então governador recebeu um telefonema de Brasília. Vinha do mesmo Supremo que autorizara a operação. E já lhes relembro de como foi:
- Governador Silval Barbosa? O ministro Gilmuar Mendes gostaria de falar com o senhor, posso transferi-lo? - indaga uma voz jovem, ligando diretamente do gabinete do ministro.
- Positivo - diz o governador.
Eis então que ouviu-se aquela melodiazinha de espera telefônica e...
- Ilustre ministro - disse, puxa-saco, Silval Barbosa.
Gilmar Mendes, nascido em Mato Grosso, mostra-se surpreso com a situação de Silval Barbosa:
- Governador, que confusão é essa?..
Foram dois minutos de um telefonema tido pela PF como “relevante” às investigações. O papo foi interceptado com autorização do próprio Supremo – era o telefone do governador que estava sob grampo da polícia.
Naquela conversa, Silval Barbosa explicou as circunstâncias da prisão. Gilmar Mendes se mostrou estarrecido:
- Que loucura!.. Que loucura!
Aí então, Silval Barbosa narrou, assim meio que por cima, as acusações de corrupção que pesavam contra ele. Gilmar Mendes disse a Silval Barbosa que conversaria com o ministro Dias Toffoli, então relator do caso.
O bom disso tudo é que foi Dias Toffoli quem, dias antes, autorizara a batida na casa do tal governador. E foi então que, segundo já antigo relato da revista Época, seguiu-se o seguinte diálogo:
Silval Barbosa: E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa.
Gilmar Mendes: Meu Deus do céu!
Silval Barbosa: É!
Gilmar Mendes: Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa.
Silval Barbosa: Tá bom, então, ministro. Obrigado pela atenção!
Gilmar Mendes: Um abraço aí de solidariedade!
Silval Barbosa: Tá, obrigado, ministro! Tchau!
RODAPÉ NOS FUNDILHOS DOS HIPÓCRITAS - Agora vem Gilmuar dar palpite infeliz e atemorizante sobre o hackeamento cometido pela gangue do site The Intercept Brasil: "Isso é muito grave!". Ah, é... E então é assim é?!? Gilmuar pode falar, solidarizar-se e trocar abraços e queijos com um réu do Supremo Tribunal Federal e Sérgio Moro não pode falar com Deltan Dallagnol, da Operação Lava-Jato?!?
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