PEC – UM INSTRUMENTO DE ABUSO
Qualquer PEC
é péssima. Essa pandilha que a gente vem elegendo, quando vamos para as urnas
assim como gado que vai para o abate, não nos representa nem tem credibilidade
para alterar a Constituição. É o seguinte, a nossa República foi engavetada.
Quando republicanamente
se abre para simular democracia numa eleição qualquer, majoritária ou
municipal, tira do fundo falso os seus preferidos de gaveta e os coloca para a
população eleger. É quando você, conformado, escolhe o que acha “menos ruim”.
Somos uma nação de democratas engambelados.
Então,
começa por aí, a falta de representatividade. Mas, é mantida a roupagem de
democracia, vestida pelo voto, a ‘arma do povo’.
E eis que temos,
a nos governar prefeitos e vereadores, desde as nossas 5.570 províncias até os
27 paços estaduais atopetados e atapetados de deputados e de patéticos
governadores.
E eis que
temos a nos governar também os que caprichosamente remetemos pelo nosso induzido
arbítrio à Esplanada onde estão residentes e domiciliados muitos mais do que
300 picaretas, muitos deputados e senadores no prédio Nereu Ramos, a Casa do
Povo.
E eis que
temos a nos mandar e desmandar, escarrapachados no palácio do Supremo Tribufu, os
11 ungidos pelos dedos da pior safra de governantes que uma democratice pode inventar.
Por essa Supremacia que nos humilha e desdenha, não temos culpa nenhuma – a não
ser a mania de respeitarmos o que digam as leis.
E eis que
temos ainda a nos governar, um Presidente da República por vez, que se esbalda
entre dois palácios – que um solar apenas é pouco para um protótipo brasileiro de
rainha da Inglaterra.
PEC, UM
PECADO
Dito isto, preciso é - e necessário se faz - que a gente entenda que
uma PEC – a tal de Proposta de Emenda Constitucional é sempre uma matéria
sujeita a tramitação especial na dita cuja Câmara dos Deputados.
E, diga-se também, que PEC é um pecado, uma tentação que deve
ser apresentada pelo Presidente da República que a gente teve a ousadia de
eleger; ou, então, por um terço, no mínimo, dos membros molengoides e suscetíveis
da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
E se assim não for, que ela seja então apresentada por mais
da metade das tais assembleias legislativas das chamadas unidades da Federação.
Quer dizer, caímos sempre, inexoravelmente, na arapuca armada
pelos representantes que nós mesmos escolhemos como sendo os ‘menos ruins’,
porque fomos armados com o nosso voto secreto e universal rumo às urnas, como gado
que vai para o abate.
Acho que assim como, mais ou menos elegemos quem já estava entre
os escolhidos pelos mandarins partidários, também podemos mais ou menos nos
queixar. Mas que eles não nos representam... Ah! Não representam, não!
Seja qual a for a PEC – boa, ruim ou nem isso nem aquilo –
ela não poderia nem deveria ser avaliada por essa pandilha que não nos
representa. Pô, PEC é proposta de emenda constitucional! É remelexo na
Constituição! Um instrumento de abuso, na certa.
RODAPÉ NOS NOSSOS FUNDILHOS - Já passou da hora de darmos um
jeito nisso, mas o diabo é que botamos na cabeça que Deus é brasileiro e por
isso somos um povo muito mais revoltado do que revolucionário.
E o pior é que eles são cada vez menos e cada vez mais
poderosos; enquanto nós somos que nem o cordão dos puxassacos que ‘cada vez
aumenta mais’. É que os espertos se concentram, enquanto os simplórios não se
juntam.
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