PONTOS A PONDERAR...

Por: Sérgio A.O.  Siqueira

Porque hoje é terça / Descobriram o mapa da mina:

Porque hoje é terça / Laboratório já têm a vacina.

Se você tiver fôlego e quarentena sobrando, siga-me se for capaz.

PRONTO, DESCOBRIRAM A VACINA. ACABOU A PANDEMIA!

OU: BASTA COMPRAR, LEVAR UMA PICADURA E VIVER PARA CONTAR

Então é isso, Oxford, China – os mais votados – e até o Butantã e Fiocruz já descobriram a vacina que é eficaz e imuniza contra a Covid. Pronto, acabou a pandemia! Quer dizer acabou uma pandemia e agora começa o pandemônio. Basta comprar a vacina, levar uma picadura e foi-se o vírus diante da cura.

O único probleminha é que o preço da cura vai ser de matar. E eis então que isso é coisa para o governo resolver. Quer dizer, o governo e seus patrões, o STF, Alcoolúgubre e Rogringo Maia, enquanto presidentes do Senado e da Câmara, respectiva e debochadamente; os 27 governadores e os 5.570 prefeitos que mandam e desmandam nesse país refém de seus vírus permanentes.

O governo só precisa fazer uma coisa: botar dinheiro na parada. E aí tudo fica mais fácil. Tem apenas que congelar os nababescos salários dessa pandilha de sevandijas e acabar de uma vez por todas com as suas mordomias e privilégios de fio a pavio, de cabo a rabo.

O VERDADEIRO PANDEMÔNIO

Basta ao governo acabar com coisinhas assim: Passagens aéreas, telefonia e serviços postais; manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar, compreendendo locação de imóveis, pagamento de taxa de condomínio, IPTU, seguro contra incêndio, energia elétrica, água e esgoto, locação de móveis e equipamentos, material de expediente e suprimentos de informática, acesso à internet, TV a cabo, licença de uso de software. Aqui, uma pausa para respirar ar puro e logo seguir em frente que atrás vem gente:

Assinatura de publicações; fornecimento de alimentação do parlamentar; hospedagem; locação ou fretamento de aeronaves, de automóveis (até o limite de R$ 10,9 mil mensais) e de embarcações; serviços de táxi, pedágio e estacionamento até o limite global de R$ 2,7 mil mensais; passagens terrestres, marítimas ou fluviais; combustíveis e lubrificantes até o limite de R$ 6 mil por mês. Outra pausa respire fundo e vamos que vamos:

RESPIRE FUNDO

Serviços de segurança prestados por empresa especializada até R$ 8,7 mil por mês; contratação de consultorias e trabalhos técnicos, permitidas pesquisas socioeconômicas; divulgação da atividade parlamentar, exceto nos 120 dias anteriores à data das eleições, se o deputado for candidato; participação do parlamentar em cursos, palestras, seminários, simpósios e congressos, até o limite mensal de 25% do valor da menor cota mensal, ou seja, a do Distrito Federal; complementação do auxílio-moradia, até o limite de R$1.747 mensais.

E tem mais um pouquinho: por exemplo, a verba que hoje é de R$ 106.866,59 por mês, para a contratação de até 25 secretários parlamentares (cuja lotação pode ser no gabinete ou no estado do deputado), que ocupam cargos comissionados de livre provimento. A remuneração do secretariado deve ficar entre R$ 980,98 e R$ 15.022,32. E a gandaia não para por aí.

TEM MAIS, SEMPRE TEM

Não é só, tem mais o Auxílio-moradia: R$ 4.253, concedidos aos parlamentares que não moram em residências funcionais em Brasília. Tem também o itenzinho de somenos importância das Despesas com saúde: os deputados têm atendimento no Departamento Médico da Câmara (Demed) e podem pedir reembolso para despesas médico-hospitalares realizadas fora do Demed. Deputados em exercício do mandato e seus familiares que podem ser incluídos como dependentes no Imposto de Renda têm direito de utilizar o departamento.

Além disso, se quiser, o parlamentar poderá aderir ao plano de saúde dos funcionários da Câmara, pagando R$ 420 por mês, com direito a rede conveniada nacional e a filhos e cônjuge como dependentes. Também é paga a participação de 25% sobre o valor da despesa médica realizada. É tanta coisa, tanta mordomia, tanto descalabro que dá vontade até de parar por aqui.

NÃO DESISTA

Mas se você, como eu, ainda não desistiu, fique sabendo que há também a Cota gráfica: o parlamentar pode solicitar a confecção de material de papelaria oficial (cartões, pastas, papel timbrado e envelopes) e a impressão de documentos e publicações. E tem também a Ajuda de custo: no início e no fim do mandato, o parlamentar recebe ajuda de custo equivalente ao valor mensal da remuneração. A ajuda é destinada a compensar as despesas com mudança e transporte e não será paga ao suplente que for reconvocado dentro do mesmo mandato.

E só pra não dizer que não falei de flores, refiro-me aqui à aposentadoria dos ditos cujos: Aposentadoria - a lei do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC - Lei 9.506/97) prevê aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de mandato. Nesse caso, os proventos serão calculados à razão de 1/35 (um trinta e cinco avos) por ano de mandato. No entanto, é obrigatório preencher os requisitos de 35 anos de contribuição e 60 anos de idade.

Esses dados foram ‘chupados’ da Agência Câmara de Notícias. E você vai ver só o que é bom pra tosse na agência de notícias do Senado, onde a coisa dispara em termos de valores e gandaia. E se a sua imaginação se esticar um pouquinho, vai chegar ao Poder Judiciário...

OUTROS CAROS PODERES

Olahí, gente! O Poder Judiciário!  Aí então vai cair o seu queixo quando chegar à barra de cada tribunal. Imagine quando der com os costados nas cortes superiores como STF, STE, AGU, TCU, e outras tantas siglas terminadas em U & Agregados como a PGR e outros organismos do Ministério Público.

No Poder Executivo dá-se o mesmíssimo fenômeno de desvairada gastança: a Esplanada dos Ministérios é só a sede nacional das milhares de instituições que estão funcionando na mais rica e emperrada máquina pública da História da Humanidade.

E então é isso, enquanto eles comem lagostas e belugas e tomam vinho de outras pipas, não vai sobrar dinheiro para comprar a vacina que acaba com a pandemia e continuaremos de quarentena.

RODAPÉ – Só para constar como um ponto a ponderar: o Cartel Internacional de Laboratórios vive da venda de remédios. Remédio, tá na cara e tá no nome, remedeia. Se curasse, o Cartel perderia a freguesia.