3 de jul. de 2020


PONTOS A PONDERAR...
Por: Sérgio A. O. Siqueira

MEU SUPREMO PERSONAGEM DA SEMANA
Só para a gente saber com quem está falando.

Hoje, porque é sexta-feira, há a perspectiva de mais um sábado, fim de semana, porque domingo é o Dia da Criação. Eis então mais um perfil virtual supremo: o terceiro dos 11 que completam o suprassumo do governo paralelo nesse País.


ALEXANDRE DE MORAES 

Alexandre de Moraes é um paulistano que desceu à Terra da Garôa, em 13 de dezembro de 1968 e hoje é ministro do STF. É professor associado da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), onde se graduou.
Foi membro viril do Ministério Público de São Paulo, lá chegando como promotor de justiça em 1991. Deixou o MP em 2002 para assumir a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, então dominado por Geraldo Alckmin, e por lá ficou até 2005. Ele foi também Secretário Municipal de Transportes de São Paulo nos doces anos de Gilberto Kassab.
Em 2010, fundou um escritório dedicado ao direito público, e ali praticou advocacia até o fim de 2014, quando Geraldo Alckmin o transformou no Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Aí, então, foi Ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Micheletto Doca Temer a partir do impeachment de Dilmandioca Sapiens, em 12 de maio de 2016.
Em 2017, foi consagrado por Doca Temer ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga de Teori Zavascki, que morreu de morte matada naquele estranho acidente aéreo. Hoje, Alexandre comanda a Primeira Turma do STF.
Mas deixem que lhes diga uma coisinha: o ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes, indicado por Doca Temer (PMDB) para o Supremo, mentiu em seu Currículo Lattes. Chutou ali, ter cursado pós-doutorado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que fez doutorado.

Quer dizer, o cara tem o dom da ubiquidade. Mas, isso ele não faz questão de dizer para quem quer que seja; é um dos seus poderes secretos.

E preciso é que se diga a quem interessar possa que também pesa contra Alexandre uma acusação de plágio... Coisinha boba, mas que pesa, pesa: plágio porque se tratou de copiar trechos de um livro sem ter dado a citação específica. Verdade é que ele colocou o livro copiado na bibliografia daquele seu trabalho hercúleo.

O problema do doutorado e pós-doutorado é, portanto tão inegável quanto foi, por exemplo o curriculovírus de Decotelli: impossível cursar ambos ao mesmo tempo. Pelo menos para os meros mortais que não têm, como Alexandre, o dom da ubiquidade.
A mentira foi clara e cristalina. Se houvesse espaço para uma boa desculpa, Doca Temer dir-lhes-ia que foi apenas porque Moraes ficou ansioso demais para converter capital acadêmico em capital político, e assim ter mais credenciais para ser secretário de Justiça de São Paulo.

Agora, uma coisa deve ser dita: Alexandre de Moraes não foi o precursor e nem o mais imaginativo inventor de graduações curriculares.

Crivella, o Marcelo Crivella prefeito do Rio de Janeiro, dizia-se doutor em Engenharia Civil pela Universidade de Pretória, na África do Sul, até que foi desmascarado; Dilmandioca Sapiens,  pedalou que era mestra e doutora em Economia pela Unicamp; Carmen Lúcida, do STF, dizia timidamente ter doutorado em Direito pela USP.

Todos chutaram e se deram bem; só Decotelli, deixou-se trair pela cor dos olhos. Olhava-se e via-se que não tinham transparência.

Voltando à vaca fria, como secretário da Segurança de Alckmin, Alexandre  foi colocado em xeque um monte de vezes por conta do uso de violência excessiva diante de protestos e atos políticos.

Segundo dados levantados pelo Consorcio dos Jornalojistas Coveiros, naqueles tempos de Alexandre, a Polícia Militar foi responsável pela morte de uma em cada quatro pessoas assassinadas no estado paulista em 2015.

Naqueles mesmo tempos bicudos, o jornalojão Estado de S. Paulo espalhou aos quatro ventos que Alexandre constava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos da área civil da Transcooper.

Pô, a tal cooperativa é uma das cinco empresas e associações que está presente em uma investigação que bisbilhota movimentações de lavagem de  dinheiro e corrupção cometidas pelo PCC, Primeiro Comando da Capital.

Alexandre passou uma borracha em cima de tudo e, por meio de nota, desconverso dizendo que “renunciou a todos os processos em que atuava como um dos sócios do escritório de advocacia” e disse também que estava de licença da OAB durante o período investigado. Com boa vontade, muita gente boa acreditou.
 
O demais, todo mundo já sabe: teve aquele caso, em abril do ano passado, quando revista Crusoé publicou uma reportagem intitulada O amigo do amigo de meu pai. Pela revista virtual do grupo do site O Antagonista, a defesa do empresário Marcelo Odebrecht reunira um documento que mencionava Dias Toffoli, então advogado-geral da União, como o "amigo do amigo do meu pai".
Toffoli carimbou o conteúdo da revista como "…mentiras e ataques… divulgadas por pessoas que querem atingir as instituições brasileiras" e, como quem não pedia mandou que Alexandre de Moraes apurasse as informações.
De pronto, Moraes ordenou que a revista Crusoé e o site O Antagonista retirassem do ar todas as reportagens e notas que citassem Toffoli, além de estipular uma multa diária de 100 mil reais. E mais que isso, Alexandre ordenou que a Polícia Federal ouvisse os responsáveis do site e da revista em 72 horas. Nunca antes na história desse país, o Supremo foi tão ágil e expedito.
E eis que no perfil oficial de Alexandre não consta, mas está gravado na sua história que no dia 29 de abril de 2020, Alexandre Magno suspendeu a nomeação de Alexandre, o Ramagem, para diretoria-geral da Polícia Federal, alegando para tanto que havia muita proximidade de Ramagem à família Bolsonaro. E, então, mais do que isso nem é preciso que se diga.
Eia, pois, que este é Alexandre de Moraes, o Meu, o Seu, o Nosso Supremo Personagem da Semana. Uma coisa assim, só para a gente saber com que está falando.

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