PONTOS A PONDERAR...
Por: Sérgio
A. O. Siqueira
MEU SUPREMO PERSONAGEM DA SEMANA
Só para a gente saber com quem está falando.
Hoje, porque é
sexta-feira, há a perspectiva de mais um sábado, fim de semana, porque domingo
é o Dia da Criação. Eis então mais um perfil virtual supremo: o terceiro dos 11
que completam o suprassumo do governo paralelo nesse País.
ALEXANDRE DE
MORAES
Alexandre
de Moraes é
um paulistano que desceu à Terra da Garôa, em 13 de dezembro de 1968
e hoje é ministro do STF. É professor associado da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP),
onde se graduou.
Foi
membro viril do Ministério
Público de São Paulo, lá chegando como promotor de justiça em
1991. Deixou o MP em 2002 para assumir a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do
Estado de São Paulo,
então dominado por Geraldo Alckmin,
e por lá ficou até 2005. Ele foi também Secretário Municipal de Transportes de
São Paulo nos doces anos de Gilberto Kassab.
Em
2010, fundou um escritório dedicado ao direito público,
e ali praticou advocacia até o fim de 2014, quando Geraldo Alckmin o
transformou no Secretário de Segurança Pública do
Estado de São Paulo.
Aí,
então, foi Ministro
da Justiça e Segurança Pública do governo Micheletto Doca Temer a
partir do impeachment
de Dilmandioca Sapiens, em 12 de maio de 2016.
Em
2017, foi consagrado por Doca Temer ministro do Supremo Tribunal Federal, na vaga
de Teori Zavascki,
que morreu de morte matada naquele estranho acidente aéreo. Hoje, Alexandre
comanda a Primeira Turma do STF.
Mas
deixem que lhes diga uma coisinha: o ex-ministro da Justiça Alexandre de
Moraes, indicado por Doca Temer (PMDB) para o Supremo, mentiu em seu Currículo
Lattes. Chutou ali, ter cursado pós-doutorado na Faculdade de Direito do Largo
São Francisco, da Universidade de São Paulo, ao mesmo tempo em que fez
doutorado.
Quer
dizer, o cara tem o dom da ubiquidade. Mas, isso ele não faz questão de dizer
para quem quer que seja; é um dos seus poderes secretos.
E
preciso é que se diga a quem interessar possa que também pesa contra Alexandre
uma acusação de plágio... Coisinha boba, mas que pesa, pesa: plágio porque se tratou
de copiar trechos de um livro sem ter dado a citação específica. Verdade é que
ele colocou o livro copiado na bibliografia daquele seu trabalho hercúleo.
O
problema do doutorado e pós-doutorado é, portanto tão inegável quanto foi, por
exemplo o curriculovírus de Decotelli: impossível cursar ambos ao mesmo tempo. Pelo
menos para os meros mortais que não têm, como Alexandre, o dom da ubiquidade.
A
mentira foi clara e cristalina. Se houvesse espaço para uma boa desculpa, Doca
Temer dir-lhes-ia que foi apenas porque Moraes ficou ansioso demais para
converter capital acadêmico em capital político, e assim ter mais credenciais
para ser secretário de Justiça de São Paulo.
Agora, uma coisa deve ser dita: Alexandre de Moraes não foi o precursor
e nem o mais imaginativo inventor de graduações curriculares.
Crivella,
o Marcelo Crivella prefeito do Rio de Janeiro, dizia-se doutor em Engenharia
Civil pela Universidade de Pretória, na África do Sul, até que foi
desmascarado; Dilmandioca Sapiens, pedalou que era mestra e doutora em Economia
pela Unicamp; Carmen Lúcida, do STF, dizia timidamente ter doutorado em Direito
pela USP.
Todos
chutaram e se deram bem; só Decotelli, deixou-se trair pela cor dos olhos.
Olhava-se e via-se que não tinham transparência.
Voltando à vaca fria, como secretário da Segurança de Alckmin, Alexandre
foi colocado em xeque um monte de vezes por
conta do uso de violência excessiva diante de protestos e atos políticos.
Segundo dados levantados pelo Consorcio dos Jornalojistas Coveiros, naqueles
tempos de Alexandre, a Polícia Militar foi
responsável pela morte de uma em cada quatro pessoas assassinadas no estado
paulista em 2015.
Naqueles mesmo tempos bicudos, o jornalojão Estado de S. Paulo espalhou
aos quatro ventos que Alexandre constava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos da
área civil da Transcooper.
Pô, a tal cooperativa é uma das cinco empresas e associações que está
presente em uma investigação que bisbilhota movimentações de lavagem
de dinheiro e corrupção cometidas pelo PCC, Primeiro Comando da Capital.
Alexandre passou uma borracha em cima de tudo e, por meio de nota, desconverso
dizendo que “renunciou a todos os processos em que atuava como um dos sócios do
escritório de advocacia” e disse também que estava de licença da OAB durante o
período investigado. Com boa vontade, muita gente boa acreditou.
O demais, todo mundo já sabe: teve aquele caso, em abril do
ano passado, quando a revista Crusoé publicou uma reportagem
intitulada O amigo do amigo de meu pai. Pela revista virtual do
grupo do site O Antagonista, a defesa do empresário Marcelo Odebrecht reunira um documento
que mencionava Dias Toffoli,
então advogado-geral
da União, como o "amigo do amigo do meu pai".
Toffoli
carimbou o conteúdo da revista como "…mentiras e ataques… divulgadas por
pessoas que querem atingir as instituições brasileiras" e, como quem não
pedia mandou que Alexandre de Moraes apurasse as informações.
De
pronto, Moraes ordenou que a revista Crusoé e o site O Antagonista retirassem do ar
todas as reportagens e notas que citassem Toffoli, além de estipular uma
multa diária de 100 mil reais. E mais que isso, Alexandre ordenou que a Polícia Federal ouvisse
os responsáveis do site e da revista em 72 horas. Nunca antes na história desse
país, o Supremo foi tão ágil e expedito.
E
eis que no perfil oficial de Alexandre não consta, mas está gravado na sua história
que no dia 29 de abril de 2020, Alexandre Magno suspendeu a nomeação de Alexandre, o Ramagem, para
diretoria-geral da Polícia
Federal, alegando para tanto que havia muita proximidade de Ramagem
à família Bolsonaro. E, então, mais do que isso nem é preciso que se diga.
Eia,
pois, que este é Alexandre de Moraes, o Meu, o Seu, o Nosso Supremo Personagem
da Semana. Uma coisa assim, só para a gente saber com que está falando.
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