GOVERNO TIRA DO AR PUBLICIDADE DO BANCO DO BRASIL E DIRETOR DE MARKETING PERDE O EMPREGO
Assim, sim; mas assim, também não! Agora o ar é outro. Daqui pra frente, tudo vai ser diferente, os caras vão aprender a ser gente...
Nesta quinta-feira, o Palácio do Planalto determinou às agências de publicidade que têm contrato com o governo federal têm que levar toda e qualquer peça publicitária ao escrutínio da Secom - Secretaria de Comunicação Social, chefiada pelo ministro Santos Cruz, o Homem Que Não Ri.
Ontem mesmo, o governo determinou que o Banco do Brasil retirasse de circulação uma campanha publicitária, cujo mote era a diversidade.
Até aqui, só os comerciais institucionais - aqueles que visam a reforçar uma determinada marca, costumavam passar pela Comunicação do Planalto. Essas peças mercadológicas, como a campanha derrubada por Bolsonaro, cuja finalidade é ampliar participação da estatal no setor, vinham sendo veiculadas ao bel prazer do proselitismo dos mandachuvas das imagens do seu governo. Sucede que agora, o governo já não é mais deles.
Até aqui, bastava apenas que a publicidade agradasse aos bambas da instituição que a 'encomendava'. Agora o ar é outro. Os mandachuvas são outros.
A tal publicidade derrubada pelo governo era estrelada por atores e atrizes negros, outros tatuados, além de homens usando anéis e cabelos compridos. Cheia de esteriótipos, não dizia nas linhas o que nas entrelinhas queria dizer. Bolsonaro viu e não gostou do que viu. E decidiu que o filmete não vale a pena ver de novo.
CAI O DIRETOR
O diretor de Comunicação e Marketing do Banco do Brasil, Delano de Andrade, foi demitido na quarta-feira. O comercial que o derrubou foi produzido pela WMcCann, uma das três agências de publicidade, escolhidas por licitação, responsáveis pela publicidade do banco.
A turma de marquetices do BB teria autorizado o desembolso de R$ 17 milhões para divulgação das peças. No mundo da publicidade, a comissão de agenciamento é de 20% pela campanha de mídia e mais 10% pela criação do material publicitário. E assim é que assim vai a grana que sustenta o fantástico e alienante mercado das falsas necessidades.
SCRIPTUM POST - Em 1979 eu cometia a aventura de não tendo nenhuma ficha partidária, nem a favor nem contra a Arena, ser o coordenador de projetos especiais da Secom, organismo criado por Said Farah para o bem da Presidência da República.
Pela minha Coordenadoria passavam todas as campanhas de publicidade do governo. Eu dava meus palpites furados. Eu e mais seis ou sete ''entendidos na matéria.''
No início de 80, a Secom lançou uma grande campanha de incentivo ao aleitamento materno'. Pela primeira vez então a TV mostrou um seio nu para os lares brasileiros. Era a mãe dando de mamar a seu filho.
HONG KONG
Coisa de uma semana depois, fomos visitados por um agente publicitário de uma grande multinacional de laticínios. A empresa tinha dentre suas atrações um leite condensado que até hoje me dá água na boca.
O agente de atendimento ofereceu para mim e para mais cinco ou seis integrantes da Secretaria de Said Farah, uma estada de uma semana em Hong Kong, com tudo pago e diárias em libras esterlinas, onde seria realizado um Seminário Mundial sobre as delícias e as vantagens do Leite em pó e outras maravilhas derivadas do mundo hodierno de leite manipulado.
Nas entrelinhas, ficou dito sem uma palavra a respeito, que se a gente parasse com a campanha do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, os ventos soprariam sempre a favor no Planalto Central do Brasil.
Um ano depois, a Secom foi fechada às vésperas de um feriadão natalino. Em 1981, foi criado o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM), no Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), autarquia do Ministério da Saúde, que passou a ser o órgão responsável pelo planejamento de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento natural no país.
Hoje, quase 40 anos depois, eu continuo sem conhecer Hong Kong.
Nenhum comentário:
Postar um comentário