PONTOS A PONDERAR

01.
UM ESPANTO
O que impresssiona e espanta na estupenda crise do vazamento dos áudios entre Bolsonaro e Bebianno é a sua incomensurável irrelevância.

02.
PACOTE APOTEÓTICO
O tripacote anticrime apresentado por Sérgio Moro só entrará em pauta no Congresso depois do carnaval. E aí, então o carnaval vai continuar pelo ano todo na maior praça de apoteose da politicalha nacional.

03.
A GRANDE FONTE
Se depender da mídia renitente, Gustavo Bebianno vai continuar sendo a melhor fonte de informações irrelevantes da história republicana. Só a volta dos grandes planos de mídia publicitária do governo pode transformar a liberdade de expressão em liberdade do patrão.

04.
SERVIÇO DE JORNALISMO
As grandes fontes de informação, desde que Mc Luhan antecipou que a internet faria do mundo uma aldeia global, são as grandes fontes de riqueza dos veículos de comunicação. É o domínio da liberdade do patrão sobre a liberdade de expressão. O jornalismo é uma enorme e serviçal prestação de serviço.

05.
MARSHAL MC LUHAN
Gênio! Nos bons tempos das máquinas Wonderwood e Remingnton, Mc Luhan antecipou que as redes sociais fariam do mundo uma grande aldeia global. Eu e você moramos nessa aldeia. E não sabemos direito ainda o que fazer nela e nem com ela.

06.
O TROFÉU DA IMPUNIDADE
O que mais dá nos nervos da Falange Malígna do Supremo Tribunal Foderal é a celeridade da Justiça de primeira e segunda instâncias. Esses tais tribunais 'inferiores' acabam com o grande e rendoso troféu da impunidade, logomarca da Magna Corte: a prescrição perpétua. 

07.
PAULO PRETO E O PIVETE ATARRACADO

A PolíciaFederal encontrou em um dos bunkers de Paulo Preto, o operador da tucanagem, nada menos de mal contados 100 milhões de reais que, segundo a vizinhança, eram de quando em vez, expostos ao sol para que não mofassem. 

Isso faz do roliço Geddel Vieira Lima, antigo ministro de Dilmandioca Sapiens e de Micheletto Temer, um atarracado e miserável pivete.

08.
AJUDA PRECAVIDA

Otávio do Rêgo Barros, a voz do Planalto, informou que o Brasil enviará ajuda à Venezuela em “caminhões venezuelanos, dirigidos por venezuelanos”. 

O plano é que a ajuda humanitária entre na Venezuela neste dia 23, sábado. A soldadesca ainda fiéis à ditadura de Maduro está pronta para entrar em ação. Quer dizer, a nossa ajuda é humanitária e... precavida. Em caso de farinha pouca, meu pirão primeiro!

09.
COM BONS OLHOS

Ninguém olha com tão maus olhos essa Câmara Federal quanto eu; pode até haver quem olhe tão mal quanto eu olho, mas pior do que meu jeito de olhar essa pandilha de sevandijas, não há... 

Mas, eis que de repente, não mais que de repente, os diligentes parlamentares deram uma dentro: derrubaram o decreto do general Mourão que ampliava a lista de servidores com poder de classificar documentos como sigilosos. 

Pode ter sido até por pirraça, ou sem querer querendo... Verdade é que, em democracias adentro e por aí afora, é proibido proibir. Pronto, para minha estupefação, dessa vez olhei aquela escumalha com bons olhos.

10.
MEIGA TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Tive o desplante de ficar escutando ontem, a entrevista de Gustavo Bebianno, O Breve, na rádio Jovem Pan, uma boa rádio quando leva ao ar o programa "Pingo nos íis"... O cara é frio, calmo, sereno, articulado. Fala como um experiente e raposão advogado de defesa de si próprio. 

A momentos tantos, Bebianno disse que a história de Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro, querer derrubá-lo para pegar sua boca-rica no Senado, é mais uma ''teoria conspiratória'' de Carlucho, seu carrasco preferido.

Bebianno foi explícito e instrutivo: “Paulo nunca pediu nada, absolutamente nada. Foi o presidente que ofereceu a ele espontaneamente. Um dia estou em casa deitado, toca o telefone, atendo, é o presidente, então pré-candidato, diz assim: ‘Gustavo, Gustavo, estamos fechando a chapa aqui e você acha que o Paulo Marinho aceitaria ser suplente do Flávio. Eu disse: Ué, claro que sim. Por que, não? E ele: ‘Então vou ligar para ele agora’.”.

Ah, que meigo. Quanta pureza contada e espalhada nesse ambiente marinho enlameado que é a politiquice brasileira. Fiquei até achando que o Bolsonaro deveria mandar o filho Zero-2 pra casa e deixar que o Paulo Marinho virasse senador. 

RODAPÉ NOS FUNDILHOS - Só leia se tiver tempo e gostar de bisbilhotar a vida dos outros...

Pois, eis que o empresário carioca Paulo Marinho, de 66 anos, é uma das pedras que surgiram pelos caminhos de Jair Bolsonaro há bom tempo. A casa de Marinho no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, foi usada para gravar programas eleitorais durante a campanha bolsonaresca e serviu como sede para a primeira reunião de transição. 

Marinho, além de dono de uma consultoria empresarial, a Carmo Consultoria, virou primeiro suplente de Flávio Bolsonaro, filho de Jair e senador pelo Rio. Ele se filiou ao PSL para compor a chapa; antes, militava no Patriota. 

O aconchego com a família Bolsonaro se deu por intermédio do então presidente do PSL, Gustavo Bebianno, de quem Marinho é amigo do peito há mais de 30 anos. 

Marinho e Bebianno trabalharam juntos nos anos 2000 no Jornal do Brasil, quando o jornal era comandado por Nelson Tanure. Marinho era o vice-presidente e Bebianno seu diretor jurídico. Marinho, porém, tem outros contatos na política. 

Em novembro de 2017, ofereceu um jantar ao então prefeito de São Paulo, João Doria, com a presença de nomes luzidíos da soçaite carioca, tipo assim o empresário Roberto Medina, dono da marca Rock In Rio. Àquelas alturas, Doria ainda sonhava com uma candidatura à Presidência da República mas acabou ganhando o governo de Sampa.

Certo dia, entre o primeiro e o segundo turno, Doria foi para a casa de Marinho tentar encontrar Bolsonaro mas não foi recebido; a campanha afirmou que o encontro nunca foi agendado. Seu filho, André Marinho, é presidente do braço jovem do Lide - Grupo de Líderes Empresariais, congregação criada em 2003 por Doria. 

Foi André quem traduziu a primeira conversa de Bolsonaro com o presidente americano, Donald Trump. É que Bolsonaro não fala inglês e Trump não manja bulhufas de português. 

O empresário é conselheiro informal do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella. Dentre outras grandes virtudes, ele foi casado por mais de uma década com a atriz Maitê Proença, com quem tem uma filha. 

Ufa! Então taí, O Cara. E diante de tanta pureza e ingenuidade,resta-me apenas concluir  singela e inocentemente que a meiguice é uma força que os astutos fazem mal em desprezar.