LOGO SEREMOS DE NOVO O 'PAÍS DO FUTEBOL'

O povo, a sociedade brasileira, não tem a organização que as quadrilhas têm, sejam elas gangues do governo, falanges dos presídios, pandilhas dos fraudadores de licitações, facções das categorias que lidam com serviços essenciais... Somos 200 milhões desorganizados. Submissamente desorganizados.

Hoje foi a greve dos 'irmãos caminhoneiros'; amanhã será a greve dos garis, 'heróis do lixo'; depois a greve das concessionárias de luz elétrica, aqueles que dizem se fazem ou não fazem a luz para que a luz seja feita; logo virá a greve das operadoras de telefonia, nos desconectando do mundo...

E viveremos dias sem comida; depois sem higiene, sem produtos essenciais de limpeza; dias sem saneamento básico; mais adiante, sem eletricidade e logo em seguida sem comunicação...

Voltaremos a ser o velho e desdentado País do Futebol. Mas, já não teremos sequer nossos bons e velhos campinhos de várzea: estarão todos tomados por núcleos vazios do Minha Casa Minha Vida, eis que o pessoal do Bolsa Família não tem como pagar a prestação e se tiver, os traficantes já abocanharam.

RODAPÉ - Só há uma forma de uma sociedade ser feliz e ela está dentro de cada um de nós. Organize primeiro a sua família; cuide da sua calçada; organize a sua rua; depois o seu bairro; logo trate da sua cidade; depois, empenhe-se pelo seu estado e chegue, enfim, ao coração do seu país, organize o Palácio... Se preciso for um palácio para que uma nação seja organizada e feliz.

Pronto, simples assim. Só que não.

Isso é demorado e dá muito trabalho. A gente é que vai ter que fazer. Não teremos a moleza de que outros façam tudo por nós. Eles estarão fazendo muito mais por eles próprios.

Então, o melhor mesmo é deixar esses ladravazes que se apropriaram do Estado roubarem e deixarem roubar como vêm fazendo, armados até os dentes, com a munição que a Constituição lhes dá. Eles são organizados. Usam as leis para burlar a justiça e para nos governar.

A sociedade brasileira adora ter um governo. Nem lhe passa pela cabeça exigir que seja um bom governo.