21 de out. de 2016

O BRASIL À BEIRA DA ZONA, OU:
DEUS VAI TER QUE RECRIAR O MUNDO

Vou dar uma dica para quem ainda tem o Eduardo Cunha como seu "malvado preferido": não dá para servir a dois patrões ao mesmo tempo. Ou ficam com ele, ou com o novo governo Temer. 

Quem tem Cunha, tem medo. Se ele abrir a fossa, Michel Miguel será um dos primeiros a bailar na curva. Cunha já disse que "eu quero falar e vou falar". Sua delação premiada é vista com bons olhos pela força-tarefa da Lava Jato. 

A negociação vai girar apenas em quanto tempo há de abarcar a negociação da cadeia fechada para o bandido mais mocinho desse Brasil Luila da Silva. 

Por menos de três anos de cana dura, a Lava Jato não aceita nem início de conversa. Se não sai o acordo da delação, aí o mínimo de cadeia que Cunha vai pegar são 20 anos de prisão. 

Nesse meio tempo, o Brasil das pessoas de boa índole terá que ir para uma nova eleição. Eis o desastre, posto que até agora e por esse período que nos espera não apareceu e nem terá aparecido ainda viv 'alma verdadeiramente honesta para presidir esse país. 

Pense comigo: se sair Temer, entra quem? Pela ordem constitucional, o filho de César Maia, o Rodrigo porralouquinho. Tirando ele, entra Renan Calheiros e seremos todos gado fantasma, verdadeiros vacas-loucas. 

Aí, Renan vai preso, vem então Cármen Lúcia, lúcida para presidir o que éhoje esse Supremo Tribunal Federal. Nem tanto assim para gerenciar o Brasil. Mas, que o seja, então. Pouco há de durar ainda que seja capaz de endurecerse sin perder la ternura... 

Estamos, ora pois, entre a cruz e a espada. Virão os militares. Aí é como se os brasileiros tivessem cuspido na cruz, ou comido a mulher do rei. Mas é o que se apresenta no cardápio. Que se os engula então, quer queiram; quer não. 

Nada tenho, desde já digo a vocês, contra ou a favor dos militares. Muito pelo contrário. É que sou civil, desde nascença. 


Eia pois que cresce no seio da pátria amada, mãe gentil, o sentimento servil de que uma intervenção militar pode ser a luz no fim do túnel. A luz do trem que vem de lá. A toque de caixa. Ou de tarol. A sorte é que para nosso azar, os quartéis de hoje têm a nítida vocação de que, como todos nós, todo militar nasceu civil, antes de tudo e de mais nada. 

De qualquer maneira quando um militar diz que não vai se meter em política é porque já se meteu. 

E, como se sabe, desde os tempos de Maria Madalena dos Anzóis Pereira, desde o Ano 1 depois de Cristo que a política é a mais antiga das profissões. 

Antes disso e logo depois da irracionalidade, o mundo era apenas zona de libertinagem dos hoje tidos e havidos como animais sociais. E o Brasil decerto era a capital do universo e das piores estrelas. 

Estamos às portas de ser novamente a metrópole do Caos. Deus vai ter que refundar o mundo. Só para ser brasileiro outra vez. Ou militar. Jamais político.