20 de set. de 2018

DA SÉRIE...

HISTORINHAS DO BRASIL

Um dedinho de nada... Um dedinho de prosa.

Deixem que eu lhes conte um conto sem pular nem aumentar um ponto. O marechal Hermes da Fonseca - aquele que a gente dizia no colégio ter 'uma perna gorda e outra seca' - foi presidente do Brasil até 1914 e oito anos depois, em 1922, pois então, foi preso. 

Mais adiante, aquela formidável Revolução de 30 depôs e prendeu Washington Luís. 

Juscelino Kubitschek foi detido por pouco menos de um mês num quartel de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, pela Redentora de 64. 

Luís Inácio Lula da Silva, não era presidente nem nada mais do que um craque em andar pulando a cerca lá pelo ABC paulista, foi preso em 1980 pela mesma dita Ditadura Militar, como ativista e barulhento líder sindical. 

Lula então foi condenado a três anos e meio de cadeia por uma implicante ''incitação à desordem coletiva''. Lula ficou só 31 dias em cana. 

Vê-se nitidamente agora que aquilo era só um pequeno ensaio para os 12 anos e um mês de cana dura que o breve metalúrgico e eterno líder sindical já está cumprindo na estalagem da PF, em Curitiba.

O conto que eu conto aqui sem aumentar um ponto é que as prisões de Hermes da Fonseca, Washington Luís e JK, o Presidente Bossa-Nova, não têm nada a ver com a prisão que Lula já está curtindo. Aqueles ex-presidentes do Brasil foram presos por questões políticas. 

Lula está preso porque foi julgado e condenado por dois tribunais de Justiça, um singular e outro colegiado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Mas o conto que lhes conto nessa pequena série de de ''Historinha Brasileira'' é que até hoje não foram reveladas as razões pelas quais, Lula um esfuziante arrombador de portões de fábricas e mobilizador das massas contra a Redentora, ganhou de repente e não mais que de repente, o gozo do puro sol da liberdade depois de apenas 31 dias encarcerado. 

Segundo historiadores anciãos, a proximidade de sua cela com o gabinte do delegado Romeu Tuma, facilitou sua aproximação com o grande-chefe do DOPS Paulista que, não resistiu à verborreia do prisioneiro. 

O quase astuto policial de confiança dos calabouços da ditadura foi, ou fez que foi, na conversa dele e ensaiou ali mesmo, naqueles mesmos encontros fortuitos, o pré-lançamento da ''estratégia de coalizão'' que guardaria nesse título os sinais evidentes de pistas apagadas da primeira edição do que hoje se chama de ''delação premiada''. 

E eis aí então, a magia de um breve metalúrgico barulhento forjar, sem muita prensa, o encolhimento de três anos e meio em ligeiros, lépidos e faceiros 31 dias de cadeia. 

A estratégia da coalizão criava por ali a sua primeira grande e furtiva delação. Nascia - de acordo com o relato de Romeu Tuma Jr. filho de Tumão, O Durão - um delator acima de qualquer suspeita.

Isso tudo se dava e se passava enquanto a turma do Zé, Papagaio do Araguaia, das Marias e Clarices da Val-Palmares, do Zé Guerrilheiro de Festim, da Dilma durona que usava codinomes, faziam das tripas coração e até da sunga algum calção, para escapar incólumes das algemas e do bala-com-bala daqueles que, para muitos, foram os Anos de Chumbo. 

Lula, o camarada que virou cumpanhêro, no sentido inverso dos medos e apreeensões, cresceu e se criou intocável como o grande líder, o Pai de Todos, Fura-Bolo, Mata-Piolho, Seu Vizinho e apenas sem o Dedo Mindinho. 

Peito aberto, fanfarrão, exposto e desafiador, safou-se incólume, naquela dita ditadura. Ditamole, mole. Simples assim.

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