FICAR-SE PRA SEMENTE
Não,
não é o tempo... É o que nós fazemos com o tempo, o tempo todo, que nos deixa
velhos. E, no entanto, não me sinto velho o bastante que tenha medo de me dizer
velho; nem tão velho assim que não acredite poder viver mais, muito mais, essa
grande a/ventura que é a vida.
Hoje
é a data da minha fundação. Estou em pé, há 77 anos usando e abusando dessa
mesma coluna cervical reta já com alguns pontos mais aqui e ali que me
facilitam agradecer ao tal de tempo.
Esse
tempo vertical que me permite carregar comigo minha mulher Malu, parceira de
lei e meu filhão, Marcelo – o Celão, de boa paz e passos firmes nessa mesma
travessia.
Preciso
agradecer sempre e muito ao tempo que, no ano da graça de 1989, me brindou com
o lançamento da pedra fundamental de Thiago, meu neto uno e indivisível, há
exatos 27 anos, num mesmo dia 4 de novembro e na mesma cidade de Pelotas –
nossa pátria pequena que deixamos lá no Sul.
Ele
é de certa forma a minha visão de eternidade. Se um dia eu me apressar, e já
não puder contar, ele continuará contando o tempo e será como se eu contasse
também, posto que estarei batendo no seu coração e sei que ele sempre me
atenderá.
Ambos
escorpiões de boa índole, gostar de sol, de chuva, de lua, de poetar e cantar;
gostar de atravessar rios, agradecer e picar é da nossa natureza.
Feliz
aniversário então para nós, Thiago Siqueira de Pinho, filho querido dos meus
queridos filhos Marcelo Mota de Pinho e Luciana Siqueira de Pinho, múltipla
denominadora comum de todos nós.
Feliz
data de fundação e do lançamento da pedra fundamental para nós todos.
E
que pare o tempo, para que a gente pegue sua carona. E que siga o tempo. Vou de
janela aberta. Quero ver onde é que se esconde essa tal eternidade.
De uma
forma ou de outra, vamos dar um jeito de ir sempre adiante, até ficar-se pra
semente. É
com o que se faz com o tempo que a gente fica pra semente.