PONTOS A PONDERAR...
Por: Sérgio A. O. Siqueira
O CAPATAZ DA
ESTÂNCIA PGR
E AS
FORÇAS-TAREFAS DA LAVA-JATO
E eis que
temos todos, brasileiros e brasileiras, um novo e tonitruante capataz: Augusto
Aras, o patrão da Estância PGR. Ele baixou nesta quinta-feira invernosa uma
portaria que permite que ele mesmo, como procurador-geral da República da Toga
da Mironga, tenha acesso a documentos confidenciais em trâmite no... Ministério
Público Federal.
A mais nova
artimanha extinguiu uma ferramenta do sistema interno de acompanhamento de processos
chamada “controlador”. Este instrumento concede ao procurador o direito de
restringir o acesso de determinado documento que está sob sua responsabilidade,
a determinados colegas.
Entram nessa
fila as sempre temíveis delações premiadas, os salvadores acordos de leniência que
ainda estiverem em fase de negociação; coisinhas assim que são compartilhadas
somente entre os integrantes de determinada força-tarefa – o pavor dos
corruptos e do crime organizado de gravata e colarinho branco.
O que faz a
gente tremer nos cutupicos é que, agora, com a possibilidade de acesso do
procurador-geral, as pessoas ou empresas investigadas que pensem e se disponham
a colaborar sintam-se inibidas, sintam-se emparedadas, quando souberem que o
capataz da Estância PGR, com um clique, desvendará suas identidades e saberá o
que e a quem estão delatando.
Quer dizer,
deu à bandidagem o alívio que o STF deu aos ladravazes quando acabou com a
prisão em segunda instância: lá se foi o medo da cadeia e lá se veio o
horizonte da condenação à procrastinação perpétua.
Mas, o caldo
é mais grosso do que pode parecer assim à primeira colherada. O acesso aos
documentos dos investigadores é agora um poder possível não só ao
procurador-geral da hora, Augusto Aras, mas também estará ao alcance do
corregedora-geral do MPF e dos coordenadores das Câmaras de Coordenação e
Revisão, aparelhos de cúpula da Estância PGR com o poder de recomendar o
engavetamento de inquéritos.
O novo
relhaço do capataz da Estância PGR deixou a marca que acaba com a possibilidade
de os procuradores deixarem de cadastrar no sistema documentos considerados,
digamos, ‘sensíveis’. Mesmo que sejam confidenciais, ultrassecretos ou coisa
parecida, eles poderão ser visualizados.
A ordem do
capataz da PGR manda e não pede que todos os acessos aos documentos, mesmo
quando partirem das mais altas autoridades do MPF, serão registradas no
sistema. E Aras garante que a PGR vai dar, à guisa de brinde, tanto a
“segurança jurídica, como a necessária preservação do sigilo”. E quem quiser
que acredite.
É bom
lembrar que desde junho, a capatazia da Estância PGR trava uma guerra com a
Lava-Jato para obter todos os dados das investigações, sejam lá quais forem as
tais investigações.
Na semana
passada, o capataz Augusto obteve uma retumbante vitória: Dias Toffoliso, patrão
da Fazenda Suprema até quando setembro vier, mandou as forças-tarefas de
Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo enviarem tudo que têm para Brasília,
capital da República da Toga da Mironga.
Não
perguntem o que o capataz da Estância PGR pode fazer para combater a corrupção
e o crime organizado de gravata e colarinho branco; perguntem o que a Estância
PGR pode fazer com a corrupção e o crime organizado.
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