QUE IDEOLOGIA QUE NADA: JÁ CHEGUEI REBELDE
Faz já uns 40 ou 50 anos que me levanto achando que tenho
que botar fé na crença nos direitos, na liberdade e na, digamos,
individualidade de cada pessoa, de cada semelhante, similares ou genéricos.
E aí me dá uma coceira de sair defendendo políticas e
comportamentos que protejam os chamados valores sociais. Pô, isso não é pouco.
Mas, eu me acordo sempre disposto; às vezes bem-disposto; às vezes de mal com
essa coisa toda a minha volta.
A vontade que me dá, a cada novo dia é de dar um jeito de
fazer com o Estado tenha menos controle sobre esses mais de 210 milhões de
residentes e domiciliados nesse país. Pós canto matinal saio do banheiro dando
força para a livre concorrência e a mais ampla liberdade de escolha para que o
tal de povo seja uma sociedade livre, feliz, progressista e... trabalhadora.
Nem boto o pé fora da porta e já começo a resmungar e a
ter refluxos de rejeição, à beira das ânsias de regurgitar contra os fascistas,
os nazistas, os comunistas, essa pandilha de sevandijas que aniquilam a
iniciativa individual e a nossa liberdade.
Todo santo dia me acordo assim, um liberal clássico; um
neoliberal sem medo de ser feliz.
Eis que corre o dia, todo santo dia corre e decorre e eu me
dou conta de que neoliberal é a mãe! A mãe deles, pô! Gurizada medonha, eu
quero mais é ser um libertário do jeito e feitio que o Brasil está pedindo que
eu seja.
O BERRO
E então começo a me mexer, isso faz mais de um século que
é assim: quero uma sociedade sem classes, uma sociedade de pessoas livres e
iguais. Sou um incurável poeta, seresteiro e enamorado pela ciência e arte de
viver.
Sempre depois de escovar os dentes, perambulo pelo nosso solar
no Condomínio de mais boa paz de Brasília e já vou vituperando entre dentes
contra o Estado policialesco. Mais que vituperar eu me prendo a querer com
unhas e dentes que os partidos políticos apodreçam mais do que já estão
putrefatos e terminais.
E fico querendo dar um jeito para que a sociedade, a Nação
viva em plena e total liberdade. Sem liberalidade. Quero um povo livre e
responsável. No vai da valsa do dia após dia, me ponho contra qualquer tipo de dominação: religiosa, econômica,
política ou social.
Eu me esganiço
todo, o tempo todo pela igualdade de raça, gênero, político, econômico e
social. Não creio que o Estado deva ser extinto, ou implodido... Luto, no
entanto, para que ele não seja dono, nem amo e nem senhor do povo.
É assim que se dá
comigo, a cada novo dia. E não, não sou anarquista. Há 80 anos quando fiz xixi
no mundo pela primeira vez, eu já cheguei rebelde e em busca de liberdade; eu já
cheguei berrando liberdade e - credo! - esperneando como força de expressão.
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