PONTOS A PONDERAR...
Por: Sérgio A. O. Siqueira
01.
O NOVO NORMAL,
OU:
UMA BRASÍLIA
DE DESCONHECIDOS
Nada menos do que 87 dias depois, furei a quarentena nesta radiante tarde
de quinta-feira, para ir a um eletrizante passeio por um supermercado, situado
a coisa de dez ou doze quilômetros daqui do condomínio, na Região dos Lagos de
uma Brasília de desconhecidos.
No trajeto, reconheci um amigo dentro de um carro e abanei para ele; ele
não me respondeu. Eu o reconheci, por trás das nossas máscaras - a minha e a
dele - pela placa do carro. Foi só quando o ultrapassei que então ele também me
reconheceu... pela placa do meu carro.
Buzinamo-nos felizes da vida e seguimos em frente. Eu, rumo ao
supermercado; ele, rumo às próximas buzinadas de uma eventual ultrapassagem entre
nossos simpáticos e conhecidos automóveis. No retorno do supermercado, minha
notável versão da Disney World, não buzinei para ninguém e ninguém me buzinou.
Entrei no condomínio e deixei para trás uma Brasília de mascarados; uma
Brasília de desconhecidos.
02.
INÉPCIA E
INCAPACIDADE
Nem quando esculacha alguém que todo mundo já esculachou, Gilmuar – a
criatura do criador Fernando Henriquecido Cardume, o príncipe da sociologia
mais barata que corre pelas artérias envenenadas dessa democracia de
gaveteiros, consegue a simpatia e adesão daqueles que não são contra nem a
favor, muito pelo contrário...
Procurado, a pedido, pelo canalete da CNN, Gilmuar tartamudeou que a
escapada de Weintraub para os Estados Unidos para assumir uma diretoria do
Banco Mundial ‘’seria cômica, se não fosse trágica”. Disse-o bem assim, como se
trágica não fosse a sua figura tipo supremo molambo-caviar.
Ao invés de aproveitar a quarentena para colocar em dia, os milhares de
processos que dormem nas gavetas da Magda Corte – é Magda mesmo: aquela que só
diz e faz besteira – Gilmuar dedicou seu bem-remunerado tempo para depredar
Weintraub, um cavaleiro de triste figura:
“Muitos
de vocês têm dito que, enquanto a vista alcança, Weintraub teria sido talvez o
pior ministro da Educação da história do Brasil. E deu aquele espetáculo tétrico
naquela malfadada reunião ministerial em que ele, tendo minutos preciosos para
informar o governo sobre o que estaria fazendo na área da educação, disse que prenderia
vários vagabundos, inclusive vagabundos do STF”.
Ah,
que singelo, puro e meigo... Inda que
mal pergunte: em que reunião virtual ou de plenário da Supremacia, Gilmuar não
jogou horas e horas preciosas pelos canos americanos da Justiça brasileira, ao
invés de cumprir de fato e de direito a defesa da Constituição-Cidadã de 88?!?
Mas,
Gilmuar gosta de empavonar-se como analista político-social, já que sua
história como advogado de fato nunca pôde ser contada, posto que nunca existiu
pelas barras de quaisquer tribunais de toda e qualquer instância.
E
então, conversa mole vai, conversa mole vem, Gilmuar – do alto de sua máxima
estatura moral e moralizante – balbuciou entre seus lábios estrelados que:
“Weintraub sai em uma fuga
um tanto quanto cinematográfica. De fato, isso é muito ruim para o governo. O
governo tem que melhorar muito todo o seu sistema interno de controle para não
se expor a todas essas situações. Isso fala muito mal de nós como nação”.
Ah, aí deu pra minha bolinha. Estourou a sacoleta das
balacochetas. Mas, rodeado pela multidão que Gilmuar sozinho pensa que é, foi
adiante na sua sanha analítico-destruidora, certo de que o mundo inteiro
paralisa só para ouvir o que ele tem para dizer:
“Acredito,
de qualquer forma, que a sua saída explica um pouco o seu desempenho pífio no
âmbito do Ministério da Educação... É certamente o final de um triste
episódio. Mas acho que foi uma medida elogiável do governo ter demitido um
ministro por absoluta inépcia e incapacidade. ”
E foi então
que fiquei pensando: vai ver que o sujeito, predicado e complemento Gilmuar tem
razão: Weintraub foi mesmo demitido por inépcia e incapacidade...
E pensei,
pensei um pouquinho e fiquei pensando o que penso até agora: - Tão ruim quanto
isso, ou até bem pior é alguém ser admitido ministro por inépcia e incapacidade.
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