25 de jun. de 2020


PONTOS A PONDERAR...
Por: Sérgio A. O. Siqueira

01.
O NOVO NORMAL, OU:
UMA BRASÍLIA DE DESCONHECIDOS

Nada menos do que 87 dias depois, furei a quarentena nesta radiante tarde de quinta-feira, para ir a um eletrizante passeio por um supermercado, situado a coisa de dez ou doze quilômetros daqui do condomínio, na Região dos Lagos de uma Brasília de desconhecidos.

No trajeto, reconheci um amigo dentro de um carro e abanei para ele; ele não me respondeu. Eu o reconheci, por trás das nossas máscaras - a minha e a dele - pela placa do carro. Foi só quando o ultrapassei que então ele também me reconheceu... pela placa do meu carro.

Buzinamo-nos felizes da vida e seguimos em frente. Eu, rumo ao supermercado; ele, rumo às próximas buzinadas de uma eventual ultrapassagem entre nossos simpáticos e conhecidos automóveis. No retorno do supermercado, minha notável versão da Disney World, não buzinei para ninguém e ninguém me buzinou.

Entrei no condomínio e deixei para trás uma Brasília de mascarados; uma Brasília de desconhecidos.

02.
INÉPCIA E INCAPACIDADE

Nem quando esculacha alguém que todo mundo já esculachou, Gilmuar – a criatura do criador Fernando Henriquecido Cardume, o príncipe da sociologia mais barata que corre pelas artérias envenenadas dessa democracia de gaveteiros, consegue a simpatia e adesão daqueles que não são contra nem a favor, muito pelo contrário...

Procurado, a pedido, pelo canalete da CNN, Gilmuar tartamudeou que a escapada de Weintraub para os Estados Unidos para assumir uma diretoria do Banco Mundial ‘’seria cômica, se não fosse trágica”. Disse-o bem assim, como se trágica não fosse a sua figura tipo supremo molambo-caviar.

Ao invés de aproveitar a quarentena para colocar em dia, os milhares de processos que dormem nas gavetas da Magda Corte – é Magda mesmo: aquela que só diz e faz besteira – Gilmuar dedicou seu bem-remunerado tempo para depredar Weintraub, um cavaleiro de triste figura:
 
“Muitos de vocês têm dito que, enquanto a vista alcança, Weintraub teria sido talvez o pior ministro da Educação da história do Brasil. E deu aquele espetáculo tétrico naquela malfadada reunião ministerial em que ele, tendo minutos preciosos para informar o governo sobre o que estaria fazendo na área da educação, disse que prenderia vários vagabundos, inclusive vagabundos do STF”.

Ah, que singelo, puro e meigo...  Inda que mal pergunte: em que reunião virtual ou de plenário da Supremacia, Gilmuar não jogou horas e horas preciosas pelos canos americanos da Justiça brasileira, ao invés de cumprir de fato e de direito a defesa da Constituição-Cidadã de 88?!?

Mas, Gilmuar gosta de empavonar-se como analista político-social, já que sua história como advogado de fato nunca pôde ser contada, posto que nunca existiu pelas barras de quaisquer tribunais de toda e qualquer instância.

E então, conversa mole vai, conversa mole vem, Gilmuar – do alto de sua máxima estatura moral e moralizante – balbuciou entre seus lábios estrelados que:

 “Weintraub sai em uma fuga um tanto quanto cinematográfica. De fato, isso é muito ruim para o governo. O governo tem que melhorar muito todo o seu sistema interno de controle para não se expor a todas essas situações. Isso fala muito mal de nós como nação”.
Ah, aí deu pra minha bolinha. Estourou a sacoleta das balacochetas. Mas, rodeado pela multidão que Gilmuar sozinho pensa que é, foi adiante na sua sanha analítico-destruidora, certo de que o mundo inteiro paralisa só para ouvir o que ele tem para dizer:
“Acredito, de qualquer forma, que a sua saída explica um pouco o seu desempenho pífio no âmbito do Ministério da Educação... É certamente o final de um triste episódio. Mas acho que foi uma medida elogiável do governo ter demitido um ministro por absoluta inépcia e incapacidade. ”
E foi então que fiquei pensando: vai ver que o sujeito, predicado e complemento Gilmuar tem razão: Weintraub foi mesmo demitido por inépcia e incapacidade...

E pensei, pensei um pouquinho e fiquei pensando o que penso até agora: - Tão ruim quanto isso, ou até bem pior é alguém ser admitido ministro por inépcia e incapacidade.

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