01.
O DECLARADO GOVERNO INVISÍVEL:
ELES MANDAM; NÓS GANHAMOS!
Que lindo!
Quanta meiguice! Que aula de democracia e Justiça. Os ministreis integrantes do
Tribunal Superior Eleitoral, ungidos à Suprema Tribo Federal pelos dedos
indicadores dos seus respectivos padrinhos, presidentes da pior e mais atroz e
celerada série de presidentes dessa República, para animar a quarentena, organizaram
um debate entre eles sobre o Brasil e suas circunstâncias.
E, com as
mesmas feições endurecidas subcutaneamente e molengoides à flor das bem
maquiadas peles, condenaram – por que julgar é com eles mesmos – o que chamam
de ‘regimes autoritários’.
O melífluo e
estudadamente comedido Luís Roberto Barroso esbaldou-se: Esses regimes não resultam mais de golpes, mas de
agentes públicos eleitos, presidentes da República e ministros eleitos pelo
voto popular, que desmontam os pilares da democracia, seja mudando regras
eleitorais, seja perseguindo a oposição, seja cerceando a liberdade de
expressão, seja empacotando os tribunais com juízes supervenientes”.
E meteu um fecho de
ouro: “Democratas precisam reavivar os valores essenciais da democracia,
relembrar aos que não viveram o autoritarismo as ditaduras.”.
VERDADE INCOMPLETA
Que linda verdade. Tão
linda quanto incompleta verdade. Faltou dizer que democracias que tiveram
tomadas de assalto algumas de suas instituições como a Suprema Tribo Federal e
o próprio TSE – Tribufu Superior Eleitoral, são governadas não pelo presidente
eleito pelo voto popular, secreto e universal, mas justamente por esses
instrumentos aparelhados nas cláusulas ditatoriais que se encontram no grampo
das páginas mais controversas da Constituição-Cidadã de 88.
Mas, divagar era
preciso; elucidar não era preciso. E, na voz, no corpo e na alma, desses donos
do poder invisível acobertados pelo manto da aparente Justiça, por mais que
dissimulem, acabam mostrando quem é que manda nesse pedaço chamado Brasil. O
governo é deles. Eles são o governo.
E como a quarentena não
se esvai assim no mais, eis que então Rosa Weber, qual flor de Hiroshima, não
se aguentou na poltrona da tribuna eleitoral e fez de um aparte a sua parte. Rosa, quase bombástica, acrescentou:
“A violência, como
instrumento de luta política, mais especificamente como instrumento de
manifestação de vozes dissidentes ou minoritárias nos processos decisórios
políticos e jurídicos, é inaceitável nos regimes republicanos e democráticos institucionais.”.
Que lindo, madame. Quão
singela foste! Só não disseste que há um tipo de violência que parece
fazer bem, mas é um mal permanente que fere e corrói o espírito da Justiça. É
quando a letra fria da lei se sobrepõe como direito formal sobre o direito
moral. E sob a garantia intocável das ‘instituições que estão funcionando’.
Mas, a gente já está entendendo. Aparelhos do Estado, assim
infiltrados, assim agem ao amparo amplo e gélido do que está nos códigos, como
reza a lei dos banqueiros do jogo do bicho: “Vale o que está escrito”. É o
governo invisível. Assim como o STF, o TSE governa e, ao Palácio do Planalto,
cabe apenas não aplaudir nem ovacionar, embora sabendo que vai ter bis.
O PROBLEMA NÃO É O PROBLEMA
Tanto é assim que, ao ‘debate’ de quarentena do tribufu eleitoral, Luiz Edson
Frachin não aguentou e meteu a sua colher torta, como se fosse uma espátula que
raspasse o fundo do tacho:
“Precisamos estar atentos e reagir, não apenas com palavras, mas
comportamentos, a qualquer tentativa de descontinuidade democrática.”. Oh,
quanta rudeza retórica, velho cumpanhêro das hostes CUTâneas!
“Precisamos” quem, cara-pálida?!? O que é ‘descontinuidade democrática”,
será a reação natural de um povo que vê justamente no TSE o paiol de munições que
vêm fazendo do voto a arma apontada contra o povo?!?
Sei lá quem foi que disse, mas quando disse, disse-o muito bem: “O
problema não é o problema. O problema é a atitude em relação ao problema”.
SE NÃO FOSSE DE VOCÊS
Vocês que se apossaram do governo é que são o problema. Não são as
instituições: não é o STF nem o TSE nem esses outros grandes aparelhos
estatais... são vocês. Isso serve também
para os habitantes do Congresso e para os donos do Palácio do Planalto e da
Esplanada dos Ministérios.
Deixem que eu lhes dê um recado do fundo do meu enorme e benevolente
coração de brasileiro cansado de guerra: a violência, seja qual for a sua cara
ou o seu jeito, é sempre uma inexorável e retumbante derrota. Se não fosse de
vocês, de quem é que a gente iria ganhar?!?
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