10 de dez. de 2019

O GARANHÃO DE PELOTAS


O JORNALISTA

Do Garanhão de Pelotas, numa daquelas fases de jornalista independente e franco:

Meu jornalismo é direto. E diletante, quase beneficente. Não tem fins lucrativos. Nem por isso é benevolente.  Sobre isso e dentro deste espaço, sem contagem numérica, leia-me a seguir:

a)    Curioso a dar com um pau, só me sinto jornalista quando estou em estado de curiosidade;
b)    Jornalismo com patrão é aquele em que a necessidade do patrocinador é muito mais importante do que a as preferências dos leitores;
c)    Os fatos podem acontecer independentemente da minha vontade, mas eu os descubro por obra da minha imaginação;
d)    Assino embaixo e dou fé a todas as minhas matérias, não por vaidade, mas para assumir a responsabilidade de cada notícia, aquilo que até agora você não sabia;
e)    Não deixo minha vocação sacrificar a ética e o respeito pela verdade.
f)     Sou um jornalista sem patrãocinador, porque gosto de desdenhar da ira dos poderosos - é da minha natureza;
g)    O que me faz jornalista há quase 60 anos é que a verdade é uma das coisas grandes e raras que ninguém deveria poder comprar nessa vida;
h)    Deixei de ser um jornalista absolutamente contra o absolutismo e a favor das liberdades políticas e das instituições civis, por causa da falsa democracia brasileira e da hipocrisia e desmandos das instituições estatais que ‘’estão funcionando’’.
i)     Durante um breve tempo fiz jornalismo de sobrevivência na sucursal do Globo, em Brasília. Foi quando descobri que o leitor lia mais por entretenimento do que pela notícia. Deixei de trabalhar e fui me divertir no jornalismo sem dono.

Nunca vi graça nenhuma no jornalismo quando trabalhei pautado pelas linhas editoriais dos meus patrões. Passei um tempão começando minhas matérias com "o ministro fulano de tal disse ontem que...". Eu nunca redigia nada que eu mesmo dissesse. Eu me sentia assim como um ginecologista examinando uma grávida no consultório. Cadê a poesia da vida, cadê?!?

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