11 de mai. de 2020

PONTOS A PONDERAR


01.
O DECLARADO GOVERNO INVISÍVEL:
ELES MANDAM; NÓS GANHAMOS!


Que lindo! Quanta meiguice! Que aula de democracia e Justiça. Os ministreis integrantes do Tribunal Superior Eleitoral, ungidos à Suprema Tribo Federal pelos dedos indicadores dos seus respectivos padrinhos, presidentes da pior e mais atroz e celerada série de presidentes dessa República, para animar a quarentena, organizaram um debate entre eles sobre o Brasil e suas circunstâncias.

E, com as mesmas feições endurecidas subcutaneamente e molengoides à flor das bem maquiadas peles, condenaram – por que julgar é com eles mesmos – o que chamam de ‘regimes autoritários’.

O melífluo e estudadamente comedido Luís Roberto Barroso esbaldou-se: Esses regimes não resultam mais de golpes, mas de agentes públicos eleitos, presidentes da República e ministros eleitos pelo voto popular, que desmontam os pilares da democracia, seja mudando regras eleitorais, seja perseguindo a oposição, seja cerceando a liberdade de expressão, seja empacotando os tribunais com juízes supervenientes”. 

E meteu um fecho de ouro: “Democratas precisam reavivar os valores essenciais da democracia, relembrar aos que não viveram o autoritarismo as ditaduras.”.

VERDADE INCOMPLETA

Que linda verdade. Tão linda quanto incompleta verdade. Faltou dizer que democracias que tiveram tomadas de assalto algumas de suas instituições como a Suprema Tribo Federal e o próprio TSE – Tribufu Superior Eleitoral, são governadas não pelo presidente eleito pelo voto popular, secreto e universal, mas justamente por esses instrumentos aparelhados nas cláusulas ditatoriais que se encontram no grampo das páginas mais controversas da Constituição-Cidadã de 88.

Mas, divagar era preciso; elucidar não era preciso. E, na voz, no corpo e na alma, desses donos do poder invisível acobertados pelo manto da aparente Justiça, por mais que dissimulem, acabam mostrando quem é que manda nesse pedaço chamado Brasil. O governo é deles. Eles são o governo.

E como a quarentena não se esvai assim no mais, eis que então Rosa Weber, qual flor de Hiroshima, não se aguentou na poltrona da tribuna eleitoral e fez de um aparte a sua parte. Rosa, quase bombástica, acrescentou:

“A violência, como instrumento de luta política, mais especificamente como instrumento de manifestação de vozes dissidentes ou minoritárias nos processos decisórios políticos e jurídicos, é inaceitável nos regimes republicanos e democráticos institucionais.”.

Que lindo, madame. Quão singela foste! Só não disseste que há um tipo de violência que parece fazer bem, mas é um mal permanente que fere e corrói o espírito da Justiça. É quando a letra fria da lei se sobrepõe como direito formal sobre o direito moral. E sob a garantia intocável das ‘instituições que estão funcionando’.

Mas, a gente já está entendendo. Aparelhos do Estado, assim infiltrados, assim agem ao amparo amplo e gélido do que está nos códigos, como reza a lei dos banqueiros do jogo do bicho: “Vale o que está escrito”. É o governo invisível. Assim como o STF, o TSE governa e, ao Palácio do Planalto, cabe apenas não aplaudir nem ovacionar, embora sabendo que vai ter bis.

O PROBLEMA NÃO É O PROBLEMA

Tanto é assim que, ao ‘debate’ de quarentena do tribufu eleitoral, Luiz Edson Frachin não aguentou e meteu a sua colher torta, como se fosse uma espátula que raspasse o fundo do tacho:

“Precisamos estar atentos e reagir, não apenas com palavras, mas comportamentos, a qualquer tentativa de descontinuidade democrática.”. Oh, quanta rudeza retórica, velho cumpanhêro das hostes CUTâneas!

“Precisamos” quem, cara-pálida?!? O que é ‘descontinuidade democrática”, será a reação natural de um povo que vê justamente no TSE o paiol de munições que vêm fazendo do voto a arma apontada contra o povo?!?

Sei lá quem foi que disse, mas quando disse, disse-o muito bem: “O problema não é o problema. O problema é a atitude em relação ao problema”.

SE NÃO FOSSE DE VOCÊS

Vocês que se apossaram do governo é que são o problema. Não são as instituições: não é o STF nem o TSE nem esses outros grandes aparelhos estatais...  são vocês. Isso serve também para os habitantes do Congresso e para os donos do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios.

Deixem que eu lhes dê um recado do fundo do meu enorme e benevolente coração de brasileiro cansado de guerra: a violência, seja qual for a sua cara ou o seu jeito, é sempre uma inexorável e retumbante derrota. Se não fosse de vocês, de quem é que a gente iria ganhar?!?

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