15 de mai. de 2017

O PT DE LULA E SUA ESTRATÉGIA
DE COALIZÃO PELA GOVERNABILIDADE

Então, no primeiro dia de 203 quando subiu a rampa pela primeira vez, Lula deu o primeiro passo da longa caminhada de 13 anos e tanto pelas trilhas da “estratégia da coalizão pela governabilidade”. Ia tudo muito bem até que no caminho tinha uma pedra; tinha uma pedra no caminho: a Operação Lava-Jato. E lá se vai a estratégia de coalizão descendo a ladeira. Ainda é uma menina da ladeira; logo será a que sumiu na ribanceira. Essa tal malévola e perniciosa ‘estratégia de coalizão’ me instiga a enumerar alguns pontos a ponderar. E porque hoje é sábado, eu me ponho a ponderar:

01.Um governo montou-se na sociedade; o caráter desmontou-se na coalizão;
02. Como ‘coalizão’ entendeu-se lulaticamente ‘cumplicidade’;
03. Ficou combinado: eu confio em você e você confia em mim. Mas nada impede que logo ali sejamos delatores;
04. O segredo, a lealdade, são a força e a fraqueza da coalizão. Fazem de dois companheiros um só companheiro. Até que um resolve ser só ele;
05. A coalizão obedece a um só comando... por vez. Na próxima, o outro é quem manda;
06. Para os canalhocratas a coalizão com o PT foi um bom casamento, até que começaram a cometer adultério;
07. A estratégia da coalizão implantada por Lula foi tida como uma loteria em que todos queriam ganhar sempre;
08. A coalizão pela governabilidade foi o jeito bonito e dissimulado de Lula botar o PT como cúmplice e coautor;
09. As mentiras de um companheiro eram uma espécie de homenagem ao talento para traçar rotas de fuga. Depois da Lava-Jato viraram insulto e perspectiva de sol quadrado.

10. O diabo é que o PT só agora entende a estratégia de coalizão pela governabilidade do Lula: é uma coisa estranha, delinquente, maléfica, perniciosa... Mas Lula, o PT e seus sócios não sabem fazer nada melhor.

26 de fev. de 2017

CAIM & ABEL, A ORIGEM

Naquele entardecer divino, ao leste do Éden, sem mais o que fazer, eu estava cofiando placidamente meus pelos pubianos, mirolhando Eva trocar pela terceira vez naquele dia a mesma folha de parreira, quando Caim chegou aos prantos e aos gritos de uma dor que me pareceu lancinante:

- Paiê! Mãiê! Matei Abel... Matei mermão Abel!

- Bandido, mataste teu irmão?! – bradei furioso, em esperanto perfeito.

- Ó, malfeitor! Mataste teu único irmão! – choramingou Eva, no mesmo idioma.

E foi então para que a história oficial da vinda da primeira grande família para o planeta Terra não sofresse solução de continuidade, que Caim explicou antes de dar no pé e ninguém, nunca mais ter notícias dele:

- Mãe, mãezinha; pai, paizinho...Olhaqui, a gente tava brincando de luta. De Batman e Robin. Eu caí por baixo de Abel. Tentei me livrar, mas ele... Ele... Ele me comeu, pô!

Eu olhei para Eva e a fulminei com cara de quem já tinha avisado que brincadeira de mão sempre acaba em rompimento de, rompimento de, de... Bolas, a vida é um buraco!

Desliguei-me daquela mazanza e me virei para excomungar Caim, o filho que nos restava:

- Seu viado! Robin, enrustido!

- Viado um cacete, meu pai! Peguei uma pedra e esborrachei a cabeça dele.

E mais Caim não disse. Com uma lágrima de dor nas costas e outra de saudade um pouco mais abaixo, saiu em desabalada carreira rumo a lugar nenhum.

Nunca mais ele nos viu. E nem eu e Eva o vimos outra vez na vida.

Caim nem sequer percebeu o sorriso luxurioso que não consegui conter. Senti que crescia em mim o germe do Garanhão de Pelotas.

MORAL DA HISTÓRIA – Brinquedo de mão dá rompimento.

A PEDRA FUNDAMENTAL - Caim pode ter sido o primeiro Robin; a primeira versão do protagonista passivo de uma cena que, muito mais tarde, a civilização conceituou de viadagem; mas Abel – o primeiro Batman da Terra, nunca foi o primeiro Garanhão.

Garanhão mesmo, ainda que movido pela escassez de meios e forças circunstanciais da criação, fui eu. Eu que comecei comendo Eva, minha irmã bastarda, posto que não tinha sequer avós e fui comendo todas quantas eu e ela procriamos nas beiradas do universo.

E assim foi se povoando a Terra, nessa promiscuidade criativa, até que os procriados foram se tornando adultos e comendo uns aos outros, resultando nisso que aí está e que se chama humanidade.

O Éden, nosso lar, pela localização geográfica, a gente descobriu depois, era tido e havido como Pelotas – a pátria pequena que eu tenho no Sul.

Milhares e milhares de anos depois, Caim fixou residência nos princípios do Cone Sul do Mundo. Filho do Garanhão de Pelotas, ele também cometeu suas garanhices, ajudando a povoar o globo terrestre. Mas quando isso se deu, já era um pouco tarde. Tarde pra ele. Eu continuo andando por aí.

E para que nada fique a botar caraminholas na cabeça de ninguém, Eva também continua por aí, firme, bonita, forte y mui loca, sem qualquer sombra de ciúme.

Ela também é boa naquilo faz igual a mim. Pô, aprendemos juntos, um com o outro. Só não carrega o meu nome; afinal, nunca fomos batizados e quando nos mudamos para a Terra, nem sequer havia juiz de paz.

Enfim, quer queiram quer não queiram, o ciúme só existe onde existe amor; é uma consequência do bem-querer. E eu sei muito bem que o que eu faço como Garanhão de Pelotas com a mulher dos outros, as mulheres dos outros farão comigo, só para dizer que fizeram com o Garanhão de Pelotas.


Eu sou bom, não sou?!?