18 de fev. de 2021

 PONTOS A PONDERAR

Por: Sérgio A. O. Siqueira

01.

O DELEGADO

Esse Daniel Silveira, hoje deputado, não precisa ser demolido pelos sempre atentos e vorazes assassinos de reputações: o seu passado o condena. É um exemplar compulsivo de pequenas rebeldias e insubordinações. Um ranzinza por vocação

Seu temperamento impulsivo, no entanto, não justifica a prepotência e nem chega aos pés da truculência de Leixandre, o Magno, supremo delegado.

02.

FLASHBACK:

O PORVIR RISONHO

Era dezembro de 2014, quando Alexandre de Moraes, licenciou-se da advocacia assim que foi nomeado por Geraldo Alckmin, para o cargo de Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, onde ficou até 2016.

Alexandre assumiu a secretaria prometendo o fortalecimento da legislação estadual no setor. Mas deu com os burros n’água: sua passagem como secretário foi criticada e execrada inúmeras vezes em razão do excesso de violência cometida na repressão a protestos e atos políticos.

Diz a Wikipédia a quem interessar possa que, de acordo com a TV Globo daqueles tempos bicudos, a Polícia Militar então sob a batuta do maestro Alexandre foi responsável pela morte de uma em cada quatro pessoas assassinadas no estado paulista em 2015.

Naquele mesmo notável 2015, os jornalojistas do Estadalhão de S. Paulo editaram em seus cadernos policiais que Alexandre figurava no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos da área civil da Transcooper.

Essa Transcooper, não é nada, não é nada era apenas uma das cinco empresas e associações enroladas até os ossos em uma investigação que destrinchava movimentações de lavagem de dinheiro e corrupção concebidas e batizadas pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital, o popular PCC.

Naquela época, conhecido no ambiente mais escuro da sociedade pelo codinome de Xandão, Alexandre garantiu, por meio de nota por ele assinada embaixo, que “renunciou a todos os processos que atuava como um dos sócios do escritório de advocacia” e que estava de licença da OAB durante o período investigado. Eia, pois, advogado nosso que de bobo nunca teve nada. Salve, salve!

Mas aí então, deu-se que, ele foi convidado pelo então vice-presidente da República, Michel das Docas Temer, para compor seu governo em caso de concretizar-se o impeachment de Dilmandioca Katavento Sapiens.

Xandão passou então a ostentar pela vez primeira o título de Alexandre, o Magno. Foi feito Ministro da Justiça em maio de 2016, desde quando passou a agir como Leixandre, cheio de Moral. 

No dia 3 de fevereiro de 2017, o ministério passou a se chamar Ministério da Justiça e Segurança Pública.  Mas o melhor estava por vir: um porvir risonho... Em 22 de fevereiro, Moraes foi exonerado do cargo e, em razão de seu notório saber e de sua ilibada reputação blindada, Michel das Docas Temer o abençoou e consagrou como ministro do Supremo Tribunal Federal.

RODAPÉ – Já fui amante inveterado de cinema. Uma das películas inesquecíveis que assisti no final dos anos 60 no Cine Theatro Avenida, na Avenida Bento Gonçalves, em Pelotas – minh pátria pequena que tenho no Sul – foi “Meu Passado Me Condena”, um drama policial rodado no Reino Unido em 1961. Dirk Bogarde fazia o papel de um advogado, Melville Farr, que possuía uma vida rotineira e um casamento comum sua mulher, (Sylvia Syms). Mas ele tinha um segredo... Pois é.

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