17 de jul. de 2020


PONTOS A PONDERAR...
Por: Sérgio A. O. Siqueira

O CAPATAZ DA ESTÂNCIA PGR
E AS FORÇAS-TAREFAS DA LAVA-JATO

E eis que temos todos, brasileiros e brasileiras, um novo e tonitruante capataz: Augusto Aras, o patrão da Estância PGR. Ele baixou nesta quinta-feira invernosa uma portaria que permite que ele mesmo, como procurador-geral da República da Toga da Mironga, tenha acesso a documentos confidenciais em trâmite no... Ministério Público Federal.

A mais nova artimanha extinguiu uma ferramenta do sistema interno de acompanhamento de processos chamada “controlador”. Este instrumento concede ao procurador o direito de restringir o acesso de determinado documento que está sob sua responsabilidade, a determinados colegas.

Aras quer dados da Lava Jato no Rio, território de interesse de ...Entram nessa fila as sempre temíveis delações premiadas, os salvadores acordos de leniência que ainda estiverem em fase de negociação; coisinhas assim que são compartilhadas somente entre os integrantes de determinada força-tarefa – o pavor dos corruptos e do crime organizado de gravata e colarinho branco.

O que faz a gente tremer nos cutupicos é que, agora, com a possibilidade de acesso do procurador-geral, as pessoas ou empresas investigadas que pensem e se disponham a colaborar sintam-se inibidas, sintam-se emparedadas, quando souberem que o capataz da Estância PGR, com um clique, desvendará suas identidades e saberá o que e a quem estão delatando.

Quer dizer, deu à bandidagem o alívio que o STF deu aos ladravazes quando acabou com a prisão em segunda instância: lá se foi o medo da cadeia e lá se veio o horizonte da condenação à procrastinação perpétua.

Mas, o caldo é mais grosso do que pode parecer assim à primeira colherada. O acesso aos documentos dos investigadores é agora um poder possível não só ao procurador-geral da hora, Augusto Aras, mas também estará ao alcance do corregedora-geral do MPF e dos coordenadores das Câmaras de Coordenação e Revisão, aparelhos de cúpula da Estância PGR com o poder de recomendar o engavetamento de inquéritos.

O novo relhaço do capataz da Estância PGR deixou a marca que acaba com a possibilidade de os procuradores deixarem de cadastrar no sistema documentos considerados, digamos, ‘sensíveis’. Mesmo que sejam confidenciais, ultrassecretos ou coisa parecida, eles poderão ser visualizados.

A ordem do capataz da PGR manda e não pede que todos os acessos aos documentos, mesmo quando partirem das mais altas autoridades do MPF, serão registradas no sistema. E Aras garante que a PGR vai dar, à guisa de brinde, tanto a “segurança jurídica, como a necessária preservação do sigilo”. E quem quiser que acredite.

É bom lembrar que desde junho, a capatazia da Estância PGR trava uma guerra com a Lava-Jato para obter todos os dados das investigações, sejam lá quais forem as tais investigações.

Na semana passada, o capataz Augusto obteve uma retumbante vitória: Dias Toffoliso, patrão da Fazenda Suprema até quando setembro vier, mandou as forças-tarefas de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo enviarem tudo que têm para Brasília, capital da República da Toga da Mironga.

Não perguntem o que o capataz da Estância PGR pode fazer para combater a corrupção e o crime organizado de gravata e colarinho branco; perguntem o que a Estância PGR pode fazer com a corrupção e o crime organizado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário