15 de mai. de 2022

PONTOS A PONDERAR...

1ª Edição -15/maio/22 - Domingo

Por: Sérgio AO Siqueira

PRISCAS ERAS...

Eu sou do tempo em que, só porque era domingo / texto grande era respingo

HISTÓRIAS DO BRASIL CONTEMPORÂNEO

ERA UMA VEZ...  Em 15 de maio de 2017. Um conto de fadas que se desfazia.

O argentino Luiz Favre não tinha a menor utilidade para qualquer coisa no cenário político-social brasileiro, mas recebia R$ 20 mil mensais para ser marido de Marta Suplicy.

O delator premiadíssimo, João Santana, disse que o emprego foi dado a pedido de Marta porque Favre “não podia nem mesmo comprar uma bicicleta”.

E foi então que o galante tanguinolento passou a ter grana bastante para comprar quantas bicicletas quisesse por mês. Mas nem por isso ele teve controle emocional suficiente para entrar na pele de Marta. Tanto é que, naquele maio mesmo ele se mandou de malas e bagagens.

E foi que se foi deixando Marta falando sozinha.

AH/VENTURAS DO GARANHÃO DE PELOTAS

Ghostwriter: Sérgio AO Siqueira

O LÍDER

Por mais que lute e relute comigo mesmo, eu tenho uma coisa assim por dentro que não me deixa mentir. Não é sempre. Mas há dias em que sou um Garanhão de Pelotas bem assim e pronto.

Pois, eu estou hoje numa daquelas noites de happy hour interminável em Brasília. Comecei a bebericar com os colegas deputados, senadores, lobistas, operadores e receptadores, desde cedo.

Ao sair, por volta de seis e meia da tarde, de um dos Ministérios em que meio que mando e desmando, eu já estava bem parlamentar: puro espírito de porco.

Passei pela Churrascaria do Lago, me esbaldei numa Koskenkorva com nacos de laranja na casca, senti-me mais líder do que nunca e, abandonando minhas cansativas amizades resolvi ir sozinho e ainda assim mal acompanhado ao Gaf - um bunker, tipo boate e bar-restaurante da moda, lá nos escurinhos do Gilberto Salomão - ilhota de grandes casos pretéritos na Capital da República.

Um pouco antes, passei pelo restaurante e choperia Bierfass na esquina daquela antiga vida agitada brasiliense, dei uma canja ao piano da casa, cantei Night and Day à moda Sammy Davis, bem melhor que Frank Sinatra homenageando aquela biba, o Cole Porter.

Encaminhei-me para o Gaf. Entrei com o meu mais despojado ar de nobreza e, só por isso, a boate se iluminou como se a lua crescente tivesse ficado prenhe e, assim, cheia de si mesma tivesse invadido o salão.

Meu melhor olhar de lince garanhesco recaiu numa mesa redonda ocupada por quatro amigas estonteantes, alegres, descontraídas, bonitas, cercadas de queijos e vinhos.

Dirigi-me garboso e tentador para o balcão, onde já me esperava uma habitual finlandesa congelada, rodeada por laranjas in natura.

Senti que o olhar do quarteto arrasador convergia todinho para a minha caprichada e esbelta figura de displicente elegância. Nesses momentos, desculpe a falsa modéstia, eu sou irresistível.

Um par de olhos, eu vi, sobrepujou aos outros. Eram os olhos de Maria Rita. Olhos vivos, espertos que a levaram a tomar a dianteira sobre as demais companheiras sequiosas por esse bom-partido aqui, seu criado, obrigado. E eu liguei minhas antenas imaginárias e ouvi direitinho o que mais queria ouvir:

- Gurias, olhali, olhali o meu ídolo! É ele... O Garanhão de Pelotas!
- Quiéisso, menina?!? - espantou-se Dolores Sierra.
- É ele, é ele, meu ídolo, meu deputado, meu líder. Não acredito. Ele, o   Garanhão de Pelotas está aqui. Minha paixão...
- Você endoidou guria - disse Isabel, moderadora.
- Quê quieu faço? Não posso perder essa chance... E ele tá me olhando!
- Então, dá um jeito. Chama o garçom e manda um torpedo pra ele - aconselhou Mary Joana.

Não demorou nada o torpedo foi detonado. Enquanto acertava o alvo, Maria Rita dizia - minhas antenas ecoavam seus sussurros para as amigas - que para motel não iria comigo, a quem chamava murmurante de “aquele seu ídolo maravilhoso”, líder fantástico de suas jornadas de juventude rebelde com causa, de sonhos revolucionários e coisas tipo assim que mudariam o Brasil se tivessem dado certo.

Isabel, louca para acabar com aquele miniescândalo, foi lépida, faceira e prática:

- Tome, pegue aqui a chave do meu apartamento. Eu e Mary Joana vamos para o apê da Dolores e você carrega o Garanhão para o meu cafofo.

- Verdade?

- Fique lá até a hora que quiser. Amanhã no almoço a gente se fala.

- Combinado - disse Maria Rita, exultantemente agradecida.

Demorou coisa de duas ou cinco vodcas triplas pra mim e uma garrafa e meia de vinho depois para Maria Rita e suas amigas, para que o torpedo fizesse efeito. Consumada a aproximação, saí de braço dado e muito íntimo com Maria Rita pela porta principal do Gaf, deixando a noite quase sem brilho para trás.

As outras três amigas, decerto, ficaram imaginando loucuras a bordo da mesinha de degustações, namoriscos alhures e mais vinho de idioma chileno com sotaque do Vale de Maipo.

Até aí, tudo bem. Este seu Garanhão de Pelotas tinha partido de dentro de mim mesmo para mais uma das suas noitadas de sempre. A noite, no entanto, foi uma criança. Fui conciliar o sono, longe dali.

O que se passou, do momento em que parti para os braços de Morfeu na minha casa na Península dos Ministros, fiquei sabendo muito depois pelos relatos que mulheres não sabem guardar, nem mesmo quando devem ser em off e nem chegam a ser segredos de alcova.

A coisa caiu na esgotosfera. E vocês sabem, caiu na rede é peixe. Fiquem sabendo, assim como eu fiquei inteirado de tudo, porque a coisa veio às escâncaras para conhecimento geral da nação. Foi assim:

Estavam as três outras gurias ainda no Gaf, quando o telefone de uma delas tocou. Não eram nem duas horas da madrugada, ainda. A voz de Maria Rita reverberava nos ouvidos de Dolores Sierra:

- Gurias... Vocês não vão acreditar. Venham pra cá! - apelava a namoradeira.
- Mas, o que foi que houve? Tá tudo bem, foi bom pra vocês?
- Nem conto nada. Venham pra cá. Vamos acabar juntas... a noite por aqui.

Logo as três amigas se mandaram para a Asa Norte, morrendo de curiosidade. Loucas de atar pelas novidades. Invadiram o apartamento e ficaram frente a frente com Maria Rita, sozinha, vestida dos pés à cabeça e morrendo de rir no enorme sofá da confortável sala. Morria de riso nervoso.

- O que foi sua maluca; o que aconteceu? - quiseram saber as três.
- O meu líder é um... é um... é um horror!
- Como assim? - tentou saber Isabel.
- Um horror, esse líder é um pavor!
- Brochou? - perguntou Maria Joana
- Pior... Pô, que líder de merda! 

- É pequerrucho; tem aquilo roxo?... - tentou adivinhar Dolores.
- Quê nada. Que nada, não... quê tudo! O cara é brocha; é pequerrucho e grosso, sem noção! Que desagradável.

- O que foi, então, conta logo - implorou o trio afinado e a uma só voz.

Contam que aí, Mary Rita não aguentou e, aos risos largos e nervosos, narrou o diálogo que mandou para os porões da desilusão aquele sonho acalentado com o Garanhão de Pelotas que nem bem tinha começado e já terminara:

- Eu e o Garanhão chegamos aqui abraçados. Caímos nesse tapete aqui ó. Nos beijamos, meio que nos mordemos devagarzinho, fomos tirando as roupas e eu, eu enlouqueci nos braços daquele meu herói da juventude; aquele meu ídolo; meu líder... Meu tudo.
- E aí, e aí?... - quiseram saber mais.
- Aí eu consegui falar com ele... Quase sufocando.

O trio não aguentava mais de curiosidade:
- Ele é tarado, te bateu, te comeu? – Sugeria Dolores Sierra.

- O Garanhão de Pelotas é demoradão, é precoce? – Apressava-se Isabel.

- Conta logo, porra! – Exasperou-se de curiosidade, Mary Joana.

E Maria Rita então descreveu a cena: ele já estava sentado no sofá. Aquele homão, seu ídolo, seu líder. Ela não resistiu. E ela diz que foi ela própria quem ronronou para o seu grande líder:

- Vem, meu líder... Vem Garanhão, faça com que eu me sinta mulher.

E Maria Rita jurou para as amigas que eu prontamente fiquei só de camisa, sapatos e meias e então, melodramático, joguei as calças e a cueca para os seus braços abertos:

- Tome, pegue aí... Amanhã de manhã, você lava e passa pra mim.

Eu juro, por essa luz que me ilumina, que não me julgo capaz de uma grosseria dessas. Minha formação não permite. A menos que eu tivesse tomado muita vodca. Ou então só se eu fosse naquela noite, como de fato era, um deputado, um parlamentar líder das massas campesinas do meu País.

Pelo que sei, Maria Rita confidenciou às curiosas companheiras que se sentiu uma verdadeira Maysa Matarazzo: seu mundo caiu.

Fiquei sabendo que ela disse também para suas parceirinhas que só me deu tempo para que eu me enfiasse de novo nas calças e saísse porta afora. Nem me dei conta de que se escafedera ali o sonho varonil de uma revolucionária.

Eu, o grande Garanhão de Pelotas, seu líder, não passava agora de um ídolo de pés de barro. Só mais um nobre parlamentar... Pralamentar.


MORAL DO GARANHÃO - Você pensa o quê... Que o Garanhão é um herói que não perde nunca?!? Fica nessa des/ventura dessa ah/ventura a essência também de que, só no extremo caso de desempenhar o papel de um político é que o Garanhão de Pelotas pagaria tamanho vexame.

PONTOS A PONDERAR...

01.

O FIM DA POSE

Acabem com o Foro Privilegiado que o STFake perde toda a relevância.

02.

ELEIÇÃO 2022

Em matéria de 'poder moderador', só quem está presidente do TSE chega perto da força de manipulação dos cortesãos da Corte Magda, aquela que só diz e faz besteira.

04.

DEMOCRATERA

No fundo, no fundo, o sonho da oposição é não ter opositores. Sua democracia é todinha só de cumpanhêros.

05.

INDA QUE MAL PERGUNTE...

Que mal que a gente fez; que mal tão grande, para, sem ter roubado e nem deixado roubar, ter o mesmo tipo de liberdade que o Luladino-Ostentação?!? Desse jeito, a gente vai achar que o crime compensa.

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